No início deste mês, confirmou-se finalmente aquilo que já era o segredo mais mal guardado do pelotão:
Remco Evenepoel vai representar a
Red Bull - BORA - hansgrohe a partir de 2026. A transferência da estrela belga não vem sozinha. Mattia Cattaneo, o diretor desportivo Klaas Lodewyck e mais dois elementos da Soudal - Quick-Step também vão acompanhar o campeão. Entre os nomes mais sonantes está
Sven Vanthourenhout, antigo selecionador nacional da Bélgica, cuja função, segundo a Gazzetta dello Sport, poderá ser mais restrita do que inicialmente previsto. Em vez de assumir um cargo de liderança abrangente, deverá focar-se no papel de diretor desportivo dedicado ao programa competitivo de Evenepoel.
Vanthourenhout, de 44 anos, chega com um currículo sólido, sobretudo no ciclocrosse. Natural de Bruges, conquistou medalhas de bronze nos Mundiais de 2004 e 2005. Como selecionador nacional, somou 99 medalhas entre ciclocrosse e ciclismo de estrada, cimentando a sua reputação como uma figura influente e vencedora. Depois de sair da Federação Belga de Ciclismo, foi associado a várias equipas WorldTour. No final de 2024, manteve conversações tanto com a Soudal - Quick-Step como com a Red Bull, mas o acordo com a formação alemã só ficou fechado recentemente.
Em entrevista à Sporza, Vanthourenhout confirmou: "Vou de facto juntar-me à Red Bull - BORA - hansgrohe de imediato. Estarei envolvido em todos os departamentos, desde a equipa de desenvolvimento até à equipa World Tour." As primeiras declarações apontavam para um papel transversal na estrutura, mas a BORA deverá nomear o britânico Zak Dempster, atualmente na INEOS Grenadiers, como diretor desportivo principal.
A função de Dempster implicará uma visão global das operações desportivas, permitindo-lhe gerir com imparcialidade líderes de topo como Evenepoel, Lipowitz e Roglic. Este último é vencedor de cinco Grandes Voltas, enquanto Lipowitz, além de ter conquistado a camisola branca, foi terceiro classificado na Volta a França 2025. A coexistência de três líderes com ambições próprias poderá gerar inevitáveis tensões internas sobre quem assume a liderança em cada corrida.
Neste cenário, o papel de Vanthourenhout será mais especializado, centrando-se no acompanhamento próximo de Evenepoel e na preparação para objetivos específicos, deixando a definição da estratégia global para Dempster. O belga de 25 anos vem de um verão complicado, onde, apesar de ter vencido a 5ª etapa da Volta a França e envergado a camisola branca durante alguns dias, acabou por abandonar após três jornadas muito duras nos Pirenéus. Mais do que tudo, Evenepoel precisa de um inverno calmo para se adaptar à nova estrutura e, de preferência, sem incidentes fora da estrada.
Para o belga, esta poderá ser uma mudança positiva, garantindo-lhe um apoio técnico dedicado e libertando-o de parte da pressão tática global. Para a BORA, é uma forma de equilibrar as necessidades de vários líderes, sem comprometer a atenção individual a cada um. É, no fundo, um “problema de luxo” ter uma equipa com múltiplos ciclistas capazes de lutar por vitórias de alto nível.
A confirmação da transferência de Evenepoel, acompanhada pela chegada de Vanthourenhout e outras figuras-chave, assinala uma reestruturação profunda na Red Bull - BORA - hansgrohe. A equipa parece determinada a criar uma base sólida para maximizar o rendimento dos seus líderes e gerir com inteligência a coexistência entre eles. Com este novo alinhamento, a formação alemã promete ser uma das principais protagonistas da temporada 2026.