"Temos de comparar o que é comparável" Marion Rousse fala da diferença de prémios monetários entre a Volta a França masculina e a feminina

Mais uma emocionante edição da Volta a França Feminina chegou ao fim no domingo, com Pauline Ferrand-Prévot a conquistar a vitória na classificação geral. A sua vitória valeu-lhe um prémio monetário de 50 000 euros, um décimo da recompensa de Tadej Pogacar (500 000 euros) por ter vencido a corrida masculina. De acordo com a diretora da prova, Marion Rousse, isto não é realmente surpreendente, nem devemos, por enquanto, procurar freneticamente a igualdade dos prémios monetários.

"Temos de reconhecer que o ciclismo feminino era quase inexistente há apenas quatro anos", afirmou Marion Rousse, diretora da Volta a França Feminina, ao Clapping Media. Segundo ela, o facto de existirem muitas equipas profissionais onde as ciclistas podem ganhar a vida decentemente com o ciclismo já é um enorme sucesso para o ciclismo feminino.

Comparado com o passado, é ainda um marco gigantesco. "Não havia uma estrutura salarial e as mulheres eram ciclistas profissionais, mas muitas vezes tinham de trabalhar durante o dia para ganhar a vida. O mais importante é poder viver da nossa paixão em vez de nos concentrarmos apenas no prémio monetário, que não proporciona um rendimento sustentável", acrescentou Rousse.

Para Rousse, a situação atual faz sentido, uma vez que a corrida masculina dura três semanas e a feminina "apenas" nove etapas. "Estamos a comparar a Volta a França dos homens, que dura três semanas, com a Volta a França Feminina avec Zwift t, que dura nove dias. É claro que temos de comparar o que é comparável".

"Comparando os prémios, a Volta a França Feminina avec Zwift tem um prémio superior ao do Critérium do Dauphiné para um número equivalente de dias de corrida", explicou Rousse.

Antes de se injetar mais dinheiro no evento, e antes de se planear a extensão da corrida para três semanas, há algumas etapas que não devem ser ignoradas, sublinha Rousse. "É preciso consolidar o evento, porque se o Tour parasse no próximo ano, seria uma catástrofe para o ciclismo feminino, que tem vindo a desenvolver-se fortemente de ano para ano", afirmou Rousse.