A dinâmica interna da Eslovénia no
Campeonato do Mundo de Estrada de 2025 em Kigali começa a ganhar contornos mais claros, com
Primoz Roglic a revelar a estratégia da equipa para o domingo: a prioridade será
Tadej Pogacar, permitindo ao líder esloveno uma chance clara de lutar pela Camisola Arco-Íris.
Em declarações ao 24ur.com, a partir do seu campo de treino na Serra Nevada, Roglič sublinhou a complexidade de gerir dois dos maiores ciclistas de Grandes Voltas no mesmo alinhamento. "A corrida será certamente muito exigente, mas com a forma como o Tadej tem estado a correr ultimamente, só temos de lhe dar espaço e não nos metermos no seu caminho", afirmou Roglič, dando a entender que a sua função será mais de apoio. "Para o resto de nós, até chegar à meta será uma grande luta", completou.
A liderança de Pogacar
Essas palavras de Roglič geraram um debate crescente em torno da dupla liderança da Eslovénia. O selecionador nacional, Uroš Murn, tem repetidamente afirmado que Pogacar é a melhor opção para a vitória, e por isso deve ser o foco da equipa. Chris Horner, antigo vencedor da Vuelta, foi mais explícito, defendendo que a forma de Pogacar o coloca como líder óbvio, alertando para o fato de que duas lideranças raramente funcionam bem em grandes corridas como o Campeonato do Mundo.
Historicamente, Roglic tem sido relutante em definir qualquer hierarquia, preferindo sempre deixar que a estrada decida. No entanto, o seu recente comentário de "não o atrapalhar" indica uma aceitação tácita da primazia de Pogacar.
Preparação para a corrida
Roglic, de 34 anos, chega a Kigali após um intenso bloco de treinos, após não ter participado no contrarrelógio devido a problemas de saúde. "Não estava na melhor forma depois do Tour. Precisava de tempo para recuperar e fazer o reset. Agora estou de novo em forma, a preparar-me para a corrida de estrada", explicou.
Embora tenha admitido as incertezas de correr em África, Roglič manteve o seu humor característico e minimizou as preocupações: "Só vou lá passar três noites, o que significa um risco mínimo. Tenho de estar lá e dar o meu melhor, por mim e pela equipa. Já falei com as pessoas em Kigali - parecem saudáveis, normais e até têm Internet", brincou o esloveno.
Um luxo raro, mas um equilíbrio delicado
Com uma equipa completa de nove ciclistas, incluindo Roglic, Pogacar, Matej Mohoric e Luka Mezgec, a Eslovénia tem um luxo que poucas nações podem igualar. Porém, é precisamente esta abundância de líderes que torna a questão da hierarquia ainda mais delicada.
O percurso de Kigali, com 267,5 km de distância e várias subidas, favorece Pogacar, conhecido por seu desempenho em corridas longas e exigentes. Roglič, por sua vez, descreveu a corrida como "um grande desafio, e eu gosto de desafios", mas evitou fazer previsões, limitando-se a dizer que "a estrada sempre mostra quem é o mais forte".
O desenrolar da corrida e a forma como os dois líderes se comportam nas subidas poderá ser tão interessante quanto o próprio resultado. A Eslovénia tem uma equipa de luxo, mas como a dinâmica interna se desenvolverá será um dos maiores mistérios desta edição do Campeonato do Mundo.