Os dirigentes desportivos dinamarqueses juntaram-se ao coro de críticas que põe em causa a capacidade da Espanha em receber grandes eventos internacionais de ciclismo, depois de o primeiro-ministro Pedro Sánchez ter elogiado os manifestantes pró-palestinianos que perturbaram a
Volta a Espanha 2025.
Hans Natorp, presidente da Confederação Dinamarquesa de Desportos (DIF), alinhou com a posição dura da UCI contra os protestos e a resposta do governo espanhol, alertando que o país poderá enfrentar consequências na atribuição de futuros eventos. “Estou totalmente de acordo com a UCI e penso que isto deve ter consequências para a possibilidade da Espanha organizar grandes eventos desportivos”, afirmou Natorp à TV 2 Sport. “Se um país politizar o desporto, como devemos assumir que é o caso aqui, então o desporto requer um contra movimento. Essa contra política é dizer: temos de olhar para outro lado.”
Løkke teme impacto na reputação do ciclismo
O tema também chamou a atenção do ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, que sublinhou os riscos que o ciclismo enfrenta enquanto desporto disputado em estradas abertas. “O desporto e a política não devem ser misturados e este princípio deve ser defendido”, declarou Rasmussen. “É claro que também estou preocupado com o ciclismo. O Tour vai começar em Barcelona no próximo ano. Em que circunstâncias é que isso vai acontecer?”
Protestos na Volta a Espanha 2025
Rasmussen destacou ainda que uma das maiores virtudes do ciclismo – a proximidade entre adeptos e ciclistas – o torna particularmente vulnerável a perturbações, como ficou patente no cancelamento sem precedentes da última etapa em Madrid.
Espanha sob escrutínio antes de 2026
Os protestos da Volta a Espanha, que foram desde bloqueios de estrada até confrontos físicos com a polícia, culminaram no cancelamento total da derradeira etapa. A UCI condenou o que descreveu como “acções militantes”, depois de ouvir relatos de ciclistas que foram encharcados com urina e colocados em perigo, manifestando também perplexidade perante os elogios públicos de Sánchez aos manifestantes.
A Espanha prepara-se para receber a Grande Partida da
Volta a França em Barcelona em julho de 2026, enquanto o percurso da Vuelta 2026 deverá ser apresentado ainda este ano. Mas, perante a crescente pressão de organismos desportivos internacionais e de líderes políticos, o escrutínio sobre a capacidade do país para garantir uma competição segura e livre de instrumentalização política deverá intensificar-se nos próximos meses.