A prestação de
Kevin Vauquelin na Volta a França 2025 foi um dos raros momentos de brilho numa época que assinala o provável fim da Arkéa- B&B Hotels no pelotão profissional. Mesmo que não existissem incertezas em torno da equipa, o francês de 24 anos dificilmente continuaria em 2026, mas essa indefinição acelerou a decisão de mudar de ares.
O que mais custa a Vauquelin é não poder despedir-se em competição da formação que o lançou para o ciclismo de alta competição. Pouco depois do final da Grande Boucle, uma lesão obrigou-o a parar completamente. “Comecei a usar a bicicleta ergométrica há alguns dias e estou a melhorar lentamente”, contou em entrevista ao L’Équipe. “Estou a começar a recuperar a forma física e vou tirar a cinta nos próximos dias, porque vou ao cirurgião na quarta-feira. Depois saberei se posso voltar a correr, mas temos sempre tendência para nos esforçarmos demasiado.”
Recuperação sem pressas
O francês recusa apressar o processo. “Não quero sofrer de dores crónicas mais tarde, por isso a recuperação vai demorar algum tempo. Com um mês e meio sem fazer nada, perde-se tudo, especialmente quando se passa de fazer tudo para o Tour para não fazer nada. Vai ser uma viagem e tanto. Ainda tenho de fortalecer uma perna e refazer a pélvis.”
Apesar do contratempo, Vauquelin encontrou forma de valorizar o momento. “Tirei férias com as poucas coisas que podia fazer por causa do meu tornozelo”, disse com um sorriso. “Passei algum tempo com a minha namorada, os meus pais, os meus amigos. Se tivesse levado a mal, isso não me teria ajudado. Aprendi a apreciar o que tenho, os meus entes queridos, e a manter a calma depois de tudo o que aconteceu em julho. Uma lesão nunca vem numa boa altura. Agora tenho todo o inverno para trabalhar. Se acontecesse em fevereiro, estava a preparar-me para o Tour, por exemplo.”
Kevin Vauquelin também subiu ao pódio da La Fleche Wallonne este ano, perdendo apenas para Tadej Pogacar
Mesmo longe das competições, manteve a disciplina. “Tenho mantido um estilo de vida saudável. Se nos deitarmos um pouco mais tarde e comermos um pouco menos, sentimo-nos mais letárgicos, especialmente se não fizermos muito exercício. É o que acontece no inverno, sinto-me letárgico”, brincou.
A lesão acabou por afastá-lo de dois grandes alvos: “Queria participar nos Campeonatos do Mundo e da Europa, no contrarrelógio e na estrada. Era o último objetivo da minha época. São corridas que eu adoro”, lamentou. “Falei sobre isso com o Thomas (Voeckler), mas agora acabou. Acredito no destino. Não era para ser este ano.”
Despedida da Arkéa e novo rumo
2025 marca também a última época de Vauquelin com a camisola da Arkéa – B&B Hotels, formação que deverá desaparecer no final do ano. “Vou dizê-lo com as minhas próprias palavras: não estou contente com o que vai acontecer”, confessou. “Terminar uma aventura como esta é uma pena por si só, apesar de termos terminado o Tour em grande. Mas gostaria de ter terminado esta época com a equipa, com o pessoal, com quem continuo em contacto.”
Quanto ao futuro, o francês já tem tudo decidido, embora sem revelar para onde vai. “Já sei, só ainda não posso dizer”, admitiu. “Escolhi uma equipa para a qual queria ir instintivamente. Tal como com a Arkéa… (há quatro anos).”
Os rumores apontam para a INEOS Grenadiers, mas por agora, Vauquelin guarda o segredo enquanto recupera e prepara o próximo capítulo da sua carreira.