A Volta a Itália 2025 demorou a abrir verdadeiramente as hostilidades entre os favoritos, mas as etapas 7 e 8 marcaram uma viragem clara. Juan Ayuso lançou-se ao ataque nas montanhas e voltou a recuperar tempo face a Primoz Roglic, reforçando não apenas a sua posição na classificação geral, mas também, segundo Johan Bruyneel, a vantagem psicológica sobre o esloveno.
O ex-diretor desportivo da US Postal analisou o desenrolar da oitava etapa no podcast The Move, e focou-se em particular na estratégia da Red Bull - BORA - hansgrohe. "Eles estavam a tentar entregar a camisola a Lorenzo Fortunato, mas ele cedeu na subida", explicou Bruyneel. "Ninguém esperava que ele perdesse tempo ali. É evidente que gastou demasiada energia a disputar os pontos da montanha, e acabou por pagar caro."
Com a quebra de Fortunato, a liderança acabou por cair para a XDS Astana Team, que viu dois dos seus ciclistas assumirem os dois primeiros lugares da geral após um dia de fuga bem-sucedida. No entanto, a ação mais relevante da etapa deu-se nos metros finais, quando os candidatos à classificação geral voltaram a medir forças.
Tom Pidcock foi o primeiro a mexer, mas o ataque do britânico levantou dúvidas. "Não compreendo muito bem o que ele pretendia. Custa-me acreditar que ele esteja a pensar na classificação geral, e a etapa de Siena é perfeita para ele. Talvez tenha desperdiçado cartuchos que lhe farão falta amanhã", comentou Bruyneel, apontando já para a crucial jornada em estradas de gravilha.
No entanto, foi Juan Ayuso quem voltou a dar nas vistas. O espanhol da UAE Team Emirates voltou a atacar nos últimos metros da subida e ganhou mais um segundo a Roglic. Um ganho simbólico, mas de elevado impacto psicológico. "Ayuso foi à procura de mais segundos, mas a verdadeira vitória foi mental", disse Bruyneel. "Se o Roglic tivesse boas pernas, não teria deixado isso acontecer. É o segundo dia consecutivo em que não responde. Isso pesa."
Às vésperas da tão aguardada etapa de Siena, marcada por setores de sterrato, o ímpeto está do lado do espanhol. Ayuso não só tem vindo a anular, aos poucos, o défice deixado pelo contrarrelógio como parece estar a testar os limites do esloveno a cada oportunidade.