Thymen Arensman voltou a tropeçar no seu próprio reflexo na etapa de abertura da Volta à Itália de 2025. Mais do que a perda de tempo para os favoritos ou a incapacidade de acompanhar Mads Pedersen numa chegada mais dura, o que está em análise é algo que não se vê nos watts nem se mede em segundos: a luta interna consigo próprio.
No
podcast Kop over Kop, discutiu-se que o maior inimigo do ciclista de 25 anos é a sua própria mentalidade.. Lars van den Berg, antigo colega de equipa, foi directo: “Ouvimos depois que desta vez não foi físico, mas foi sobretudo mental. Ele deixou-se levar pela loucura”.
Para van den Berg, trata-se de um padrão recorrente: “Acho que é uma situação triste. Vê-se que ele está a lutar muito consigo próprio e, como atleta de topo, não há nada mais irritante do que lutar mentalmente ao ponto de não funcionar fisicamente. Acho que é particularmente triste”.
Bobbie Traksel complementa essa ideia ao afirmar que a pressão que Arensman sente não vem da imprensa, mas de dentro: “Ele coloca a pressão sobre si próprio. Se fosse um belga, eu teria compreendido. Lá, a pressão da imprensa é muito maior do que cá. Claro que falamos dele, porque ele é a esperança holandesa mas a maior pressão que ele sente é a que ele mesmo impõe.”
A observação de Jan Hermsen vai mais fundo. Para o analista, mesmo quando Arensman tem bons resultados, como o 6.º lugar na
Volta a Itália do ano passado, o ciclista raramente parece desfrutar da experiência. “Tive a oportunidade de o entrevistar durante três semanas no Giro e a melhor entrevista que deu foi em Roma, quando tudo acabou. Aí vimos um Thymen Arensman simpático, mas durante três semanas o fumo sai-lhe pelas orelhas”, comentou.
Van den Berg conta que estes problemas já existem desde tenra idade para Arensman: "Ele torna as coisas incrivelmente difíceis para si próprio. Vi-o muitas vezes nas categorias de base e sub-23. Na categoria juvenil, já se podia ver que ele colocava muita pressão sobre si próprio e que passava por momentos muito difíceis quando as coisas não corriam como ele queria. Mas não era como se o pai dele estivesse a gritar ao longo da estrada ou algo do género".
A falta de confiança é outro ponto crucial. Quando venceu uma etapa na Volta aos Alpes, foi rápido a minimizar o feito: “No dia seguinte disse que o Michael Storer estava melhor do que ele. O Remco Evenepoel nunca daria uma entrevista desse género. A dúvida existe quando ele está no seu auge. Depois, tem a ideia de que os outros ciclistas são melhores. O Tom Dumoulin também sofreu um pouco com isso”, observa Hermsen, traçando um paralelo.