"Tudo é medido, comparado, pesado: gramas, calorias, watts por quilo" Ciclista da Cofidis fala dos distúrbios alimentares no ciclismo

A ciclista alemã Clara Koppenburg, atualmente a competir pela Cofidis, participou recentemente na Nedbank Gravel Burn, uma prova de gravel por etapas na África do Sul. A ciclista terminou em 6º lugar, com a vitória a ser atribuída a Axelle Dubau-Prévot. No entanto, foi nas redes sociais que Koppenburg revelou mudanças na sua carreira e reflexões sobre os distúrbios alimentares no ciclismo.

Depois de completar a prova, Koppenburg deixou uma mensagem forte, sugerindo uma possível mudança de foco para o gravel. "Ciclismo de estrada, continuo a amar-te, mas neste momento, não é o ambiente certo para mim", escreveu a ciclista nas suas redes sociais. Acompanhado de imagens dela a sorrir nos trilhos, o post foi um reflexo do seu entusiasmo pela experiência vivida.

"O ambiente que melhor se adapta a mim parece ser o mundo da gravilha", escreveu Clara. "Um lugar para me encontrar. Aquela Clara sorridente que confia e desfruta da vida, aproveitando cada dia ao máximo. Esta semana foi diferente: andei na gravilha, dormi numa tenda sob as estrelas e vivi a aventura. A minha mente estava livre", partilhou a ciclista.

Além de falar sobre a sua nova paixão pelo gravel, Clara também se referiu aos distúrbios alimentares, um problema que afeta muitos ciclistas, mas que nem sempre é visível para o público. "Recuperei do meu distúrbio alimentar e estou incrivelmente orgulhosa disso", disse Clara. "Mas no ciclismo de estrada não é fácil... Tudo é medido, comparado, pesado: gramas, calorias, watts por quilo... Hoje em dia, ninguém pesa nada, ninguém conta calorias, apenas comemos o que há, comida verdadeira, incluindo doces. E eu andava mais forte."

A ciclista alemã faz uma reflexão sobre a pressão do ciclismo de estrada, onde a obsessão pelos números pode ser prejudicial para a saúde mental e física dos atletas. Ela mostra como, ao mudar a sua alimentação e a sua abordagem, conseguiu melhorar a sua forma física e sentir-se mais equilibrada.

As vitórias de Clara Koppenburg na sua carreira profissional são escassas, mas emblemáticas. Em 2019, conquistou duas vitórias importantes, vencendo uma etapa e a classificação geral da Setmana Ciclista Valenciana, ao serviço da WNT-Rotor Pro Cycling (atualmente CERATIZIT-WNT Pro Cycling Team). Durante essa campanha, bateu ciclistas de topo como Soraya Paladin e Ashleigh Moolman.

Em 2020, esteve perto de repetir o sucesso, terminando em 2º lugar na classificação geral, logo atrás de Anna van der Breggen. No entanto, a pandemia de Covid-19 interrompeu o seu calendário, mas Clara conseguiu bons resultados em algumas provas espanholas, alcançando vários top-10.

Depois de passar pela extinta Équipe Paule Ka em 2020 e pela Rally Cycling Women (atualmente Human Powered Health) em 2021, Clara transferiu-se para a Cofidis Womens' Team em 2022. No seu primeiro ano, teve um desempenho forte na Volta à Suíça Feminina, onde terminou em 7º lugar e provou que pode lutar pela classificação geral em provas por etapas.

No entanto, as épocas de 2024 e 2025 foram mais calmas para Clara, sendo que especialmente em 2025, ela teve uma temporada discreta, sem grandes resultados, e ficou praticamente fora das lutas pela vitória nas corridas que disputou.

Apesar de um ano de 2025 mais apagado, a transição para o gravel tem sido uma lufada de ar fresco para Clara Koppenburg. Ela tem participado em várias provas de gravel, destacando-se com boas classificações. Até agora, Clara terminou entre os 10 primeiros nos 3 eventos de gravel que disputou, o que demonstra a sua capacidade de adaptação e o seu talento também em terrenos fora das estradas tradicionais.

Com esta mudança de foco, a ciclista parece ter encontrado um novo propósito no ciclismo e poderá vir a tornar-se uma forte candidata nas provas de gravilha nos próximos anos.