Num mercado de transferências pressionado por fusões, encerramentos e despromoções, só manter um lugar no WorldTour já é um feito.
Julius Johansen conseguiu-o, garantindo um novo contrato de um ano com a
UAE Team Emirates - XRG, após uma época passada quase por completo ao serviço dos líderes da equipa.
Promovido do escalão Continental,
da equipa portuguesa Sabgal-Anicolor diretamente para a melhor equipa do mundo, o papel de Johansen ficou claramente definido. Cabia-lhe controlar corridas e absorver trabalho para que outros lutassem pelas vitórias. Essa responsabilidade traduziu-se em 93 dias de competição, em 13 países, mais do que qualquer outro corredor no pelotão profissional.
A recompensa trouxe continuidade, mas não segurança a longo prazo.
“Claro que gostaria que fosse mais do que um ano”,
disse Johansen ao Feltet no media day da UAE Team Emirates. “Mas no ciclismo este foi um ano muito duro para contratos e eu não tinha assim tanto por onde negociar. Fiquei apenas feliz por correr pela UAE”.
Viver com a pressão do curto prazo
Um contrato de um ano traz inevitavelmente risco, sobretudo numa modalidade em que as quedas podem redefinir carreiras de um dia para o outro.
“Claro que carregas sempre algum tipo de receio”, admitiu Johansen. “E se caio mal e parto algo que me afaste meio ano? Aí pode ficar complicado quando só tens um contrato de um ano”.
Para já, o foco é simples. “Estou incrivelmente feliz por estar onde estou. Estou num contexto onde posso render. Sei que basta pedalar rápido. Depois volto a conseguir contrato”.
Força acima do protagonismo
A carga de trabalho limitou as suas oportunidades, com um segundo lugar na Volta às Astúrias a destacar-se entre resultados individuais escassos.
“Não há dúvida de que estão super satisfeitos com o que faço”, afirmou. “Mas claro que também querem corredores que ganhem corridas. Só tenho de ser o mais forte possível”.
As expectativas da UAE mantêm-se inalteradas à entrada de 2026. “O mais importante para mim é estar a 95 por cento ao longo de toda a época, em vez de a 100 por cento num momento específico”, explicou Johansen. “Porque o meu papel é estar pronto se algo acontecer”.
Para um dos gregários mais discretos do pelotão, a fiabilidade continua a ser a sua moeda mais forte.