Um dos melhores sprinters da década de 2010 recorda incidente que pôs fim à sua carreira: "Havia o risco de ficar paralisado"

Ciclismo
quarta-feira, 18 junho 2025 a 00:26
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Nacer Bouhanni, outrora um dos sprinters mais temidos do pelotão internacional, viu-se forçado a terminar a carreira de ciclista profissional no final da época de 2023, com apenas 33 anos. Um desfecho precoce para quem somou 70 vitórias, das quais 65 ocorreram entre 2012 e 2018, o seu período de ouro. Entre os triunfos mais marcantes, destacam-se etapas conquistadas na Volta a Itália e na Volta a Espanha.
No documentário "Crash, peloton sous tension", do canal L'Équipe, Bouhanni surge ao lado de nomes como Romain Bardet, Marion Rousse, Anthony Turgis e Marc Madiot para abordar a dureza do ciclismo profissional e as consequências psicológicas das quedas que marcam uma carreira. "No final da minha carreira, dei por mim a pensar demasiado. Mas quando já se está num sprint, é demasiado tarde para pensar: já não vale a pena", confessou.
Durante os últimos anos, Bouhanni passou por momentos de crescente insegurança. “Estava sempre a dizer a mim próprio: ‘Se entro naquele buraco, arrisco-me a cair. É perigoso. E se cair, que seja ali’. Quando começamos a pensar nessas coisas, já não vale a pena tentar correr. As quedas deixaram-me marcas que não desaparecem... especialmente na mente.”
Nacer Bouhanni alcançou 70 vitórias durante a sua carreira profissional.
Nacer Bouhanni alcançou 70 vitórias durante a sua carreira profissional.
O francês representou ao longo da sua carreira as equipas FDJ, Cofidis e Arkéa-Samsic. Mas foi na Volta à Turquia de 2022 que tudo mudou. Um acidente dramático, causado por duas pessoas que se atravessaram no meio da estrada, deixou Bouhanni entre a vida e a morte. "Eu devia estar entre o décimo e o décimo quinto lugar do grupo. Estávamos todos colados roda com roda e, de repente, apareceu uma espécie de barreira humana. Estavam duas pessoas no meio da estrada", recordou.
A violência do impacto deixou marcas físicas e, sobretudo, emocionais. “Caí no chão e percebi logo que a situação era grave. Não conseguia mexer a cabeça sem a segurar com as mãos. Os serviços médicos chegaram. Havia um risco de ficar paralisado. Desmaiei. Chamei a minha família e, naquele momento, para mim, o ciclismo tinha acabado.”
Nacer Bouhanni despediu-se do ciclismo com um currículo notável e com a marca de quem viveu a intensidade do sprint até ao limite. A sua história, porém, é também um alerta claro para os perigos constantes do pelotão e para o preço que muitos pagam, longe dos holofotes da glória.
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