"Um monte de disparates... ele é um ciclista de CG, é para isso que foi contratado" Adam Blythe atira-se a Juan Ayuso

Juan Ayuso perdeu quase doze minutos na 6ª etapa da Volta a Espanha 2025 e garantiu que nunca entrou na corrida com ambições reais de classificação geral. No entanto, o analista da TNT Sports, Adam Blythe, não ficou convencido e considerou a narrativa do espanhol pouco credível.

O jovem da UAE Team Emirates - XRG explicou, no rescaldo da etapa em Andorra, que só foi integrado no alinhamento depois da desistência de Tadej Pogacar, o que alterou todo o seu planeamento para a época. "Tem sido assim desde o primeiro dia, o meu plano original não era ir para a CG", afirmou Ayuso. "A equipa pediu-me para tentar, por respeito, e eu tentei. Mas não me tenho sentido bem e fui seguindo a corrente".

O catalão, de 22 anos, sublinhou ainda que as suas prioridades passam agora por trabalhar para João Almeida e tentar conquistar uma etapa, garantindo que a desvantagem sofrida não deve ser encarada como um fracasso comparável ao abandono na Volta a Itália, em maio. "Hoje deixei-me levar e estou a olhar em frente", acrescentou.

Adam Blythe, antigo profissional britânico e agora comentador da TNT Sports, mostrou-se bem mais crítico. Para ele, as palavras de Ayuso não colam com a forma como implodiu na montanha andorrana:

"Penso que ele disse que não estava na CG, penso que é um monte de disparates", atirou Blythe. "Mesmo que ele não esteja a 100%, continua a ser melhor do que ontem. Mesmo com 80% ou 90%, ele deveria estar entre os 25 homens que estão à sua frente. Obviamente, foi um dia muito mau, mas ele é um ciclista de CG e é para isso que foi contratado".

O ex-campeão nacional britânico apontou ainda para um padrão preocupante nas Grandes Voltas de 2025: "Em última análise, este ano ele não teve um bom desempenho no Giro, não teve um bom desempenho aqui. Não sei se a pressão o está a afetar - a dupla liderança com Isaac Del Toro no Giro, a vinda para aqui com João Almeida nesse papel de duplo líder novamente. Mas ele não está a lidar bem com isso. Talvez um pouco cansado mentalmente, não sei".

Outro detalhe que chamou a atenção de Blythe foi a forma como Ayuso lidou com a comunicação interna durante a quebra: "É quase como se o tirássemos do rádio quando não estamos interessados no que se está a passar. Se ele não é um líder na corrida, normalmente, mantém-se o rádio ligado porque se quer saber o que está a acontecer".

O colega de painel, Matt Stephens, reforçou essa perceção ao notar que a própria UAE Emirates não se uniu em torno do espanhol quando começou a perder tempo: "Não houve um único companheiro de equipa que se afastasse para ver se ele estava bem. Houve um enfático ‘não, ele não vai estar na CG’".

Com Almeida a assumir sozinho a luta pela geral, a narrativa em torno de Ayuso abre interrogações sobre o seu papel futuro na estrutura da Emirates e até sobre a sua capacidade de voltar a desempenhar o papel de líder sólido em Grandes Voltas.