Van der Poel: o prodígio que trocou as chuteiras pela bicicleta!

Ciclismo
sábado, 05 abril 2025 a 23:00
adrievanderpoel

Este domingo, Mathieu van der Poel pode entrar para a história como o maior vencedor de sempre da Volta à Flandres. Se vencer pela quarta vez o Monumento flamengo, deixará para trás lendas como Johan Museeuw, Tom Boonen e Fabian Cancellara — e consolidará ainda mais o seu estatuto como o rei dos paralelos.

Mas, curiosamente, o destino de Van der Poel nem sempre apontou para a bicicleta. O seu pai, Adrie van der Poel, ele próprio um ex-campeão mundial de ciclocrosse e vencedor da Liège-Bastogne-Liège, viu de perto essa indecisão nos primeiros anos do filho. Em criança, Mathieu mostrava talento no futebol e chegou a integrar o programa de captação do Willem II, destacando-se ao ponto de ser um dos poucos escolhidos para continuar.

"Depois de um ano, ele estava entre os quatro miúdos selecionados. Mas um dia virou-se para mim e disse: ‘Pai, não quero ser futebolista’. Pedi-lhe que agradecesse ao treinador e explicasse que queria ser ciclista. E foi isso mesmo que ele fez", recorda Adrie com orgulho.

O resto é história. Ainda júnior, Mathieu já mostrava qualidades fora do comum: flexibilidade, capacidade técnica, e uma vontade de vencer insaciável. “Era muito parecido comigo nesse aspeto”, admite o pai. A motivação estava lá, mas o percurso foi sendo traçado com calma e inteligência. O próprio Van der Poel optou por não correr a Volta a França até aos 25 anos, respeitando o plano delineado pelo seu treinador e com o apoio da família. "Um limite de 60 dias de corrida por ano e um dia de folga semanal. Isso dá 52 dias de descanso por ano. É essencial", sublinha Adrie.

Mas nem tudo foram certezas. Durante algum tempo, o holandês chegou a andar de mota de cross, o que deixou o pai apreensivo. “O melhor amigo dele ficou com lesões na espinal medula num acidente. Disse-lhe que havia tempo para essas coisas depois da carreira. Mas não insisti muito, porque conheço-o — se insistisse, ele ainda fazia mais.”

Hoje, com um dos palmarés mais impressionantes da sua geração, Van der Poel tornou-se uma referência dentro e fora das estradas. Fora da bicicleta, encontrou no golfe uma nova paixão — algo que apanhou o pai de surpresa. “Nunca pensei vê-lo tão agarrado ao golfe. Mas ele é assim, quando se dedica a algo, leva a sério. E cuida bem de tudo — a casa está sempre impecável, o carro limpo. Tem atenção aos detalhes."

Esse cuidado com os detalhes começou em casa. "Quando ele e o irmão voltavam dos treinos frios e molhados, eu limpava as bicicletas e os capacetes, a minha mulher punha logo a roupa a lavar. Uma hora depois estava tudo pronto para o dia seguinte", conta Adrie. "E agora, quando vem a uma prova de ciclocross perto de casa, ainda é igual: toma banho cá em casa e a bicicleta sai de lá a brilhar."

Apesar de ter sido ele próprio um grande ciclista, Adrie reconhece que o filho está num nível diferente. “O que ele alcançou é extraordinário. E a forma como corre, com ataques longos, de longe… Eu precisava de inteligência e de tática. Ele tem isso e muito mais.”

No domingo, pai e filho estarão ligados por mais do que laços de sangue. Um estará a sofrer nas bermas — o outro, a tentar fazer história no coração da Flandres.

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