Antevisão - Volta à Flandres 2025 - van der Poel vs Pogacar vs Pedersen vs van Aert. Quem será o Rei dos Paralelos 'Flandrien'?

Ciclismo
domingo, 06 abril 2025 a 9:13
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A Volta à Flandres, o segundo Monumento da temporada e o ponto alto das clássicas flandrien, está marcada para este domingo, 6 de abril, e promete ser, uma vez mais, um dos dias mais emocionantes do calendário do ciclismo mundial. Com nomes como Mathieu van der Poel, Tadej Pogacar, Wout van Aert, Mads Pedersen e outros especialistas em clássicas confirmados, a corrida perfila-se como um duelo entre gigantes — com a dureza do percurso a ditar o desfecho. Façamos uma antevisão da corrida.

268 quilómetros de brutalidade flandrien

A edição deste ano conta com 268,5 quilómetros entre Brugge e Oudenaarde, num percurso que desafia os ciclistas não só pela extensão, mas pelo tipo de esforço contínuo que exige. A primeira metade será relativamente calma — com mais de 120 km de aproximação — mas a partir daí, a corrida entra num ritmo infernal, com os setores empedrados e os famosos bergs a surgirem em rápida sucessão.

Este ano, o Oude Kwaremont abrirá simbolicamente as hostilidades, sendo o primeiro setor numerado da corrida. A partir dos últimos 140 km, os ciclistas enfrentarão uma sequência de subidas que começará a fatiar o pelotão, criando desgaste e preparando o terreno para os momentos decisivos.

Brugge - Oudenaarde, 268,5 quilómetros
Brugge - Oudenaarde, 268,5 quilómetros

A secção decisiva: Kwaremont, Koppenberg e Paterberg

O momento-chave da Volta à Flandres surge, como habitualmente, no trio lendário de subidas que molda o desfecho da corrida:

  • 2.ª passagem pelo Oude Kwaremont (54,5 km para o fim)
  • Koppenberg (50,5 km) — 600m a 13,3%
  • Paterberg (44,5 km) — 400m a 13,5%

Este combo, compacto e demolidor, será o momento onde os grandes nomes mostrarão as suas intenções. Ataques sérios, seleções naturais e quebras irreversíveis são expectáveis aqui. Depois disso, o pelotão — ou o que restar dele — raramente consegue recuperar.

Koppenberg: 600 metros; 13.3%; 44.5Km para o fim
Koppenberg: 600 metros; 13.3%; 44.5Km para o fim

Últimas plataformas antes do clímax

O percurso mantém-se agressivo nas fases finais, com Steenbeekdries (39 km), Taaienberg (37 km) e Oude Kruisberg (28 km) a proporcionarem novas oportunidades de ataque para os mais ousados. A corrida entra então na sua secção derradeira, e com um grupo já bastante reduzido, a menor hesitação pode ser fatal.

Oude Kwaremont: 2,5Km; 3,7%; 16,5Km
Oude Kwaremont: 2,5Km; 3,7%; 16,5Km

Última volta ao Kwaremont e o golpe final no Paterberg

A terceira e última ascensão ao Oude Kwaremont surge a 16,5 km da meta. Com 2,5 km de subida irregular a 3,7%, é uma subida que exige resistência pura, sobretudo após mais de seis horas de corrida.

Logo depois, a subida final — o Paterberg — uma parede curta e explosiva com 400 metros a 13,5%, atinge o topo a 13 km da chegada. Aqui, não há slipstream que valha, é cada um por si. Um ataque bem-sucedido nesta rampa pode decidir a corrida.

Paterberg: 400 metros; 13,5%; 13Km para ir
Paterberg: 400 metros; 13,5%; 13Km para ir

Final em Oudenaarde: onde tudo pode mudar… ou não

Após o topo do Paterberg, os ciclistas enfrentam uma descida curta seguida de uma longa secção plana até à chegada em Oudenaarde. Dependendo do número de sobreviventes, esta fase final pode ver novos ataques ou um jogo tático pelo sprint.

Final da Volta à Flandres 2025
Final da Volta à Flandres 2025
Mapa da Volta à Flandres 2025
Mapa da Volta à Flandres 2025

O Tempo

A previsão meteorológica para este domingo indica vento médio a forte de nordeste, um factor que poderá ter impacto directo no desenrolar da Volta à Flandres. Com a partida em Brugge e praticamente todo o trajeto inicial exposto a vento lateral ou de costas, existe um risco elevado de existirem cortes, com equipas a potenciarem divisões no pelotão muito antes das subidas empedradas.

No entanto, os dados do vento também trazem um desafio para os mais ofensivos: os últimos 10 quilómetros decorrem com vento frontal, o que poderá condicionar ataques a solo na fase final e favorecer a reaproximação de grupos perseguidores, tornando a gestão táctica ainda mais delicada para quem tentar arriscar cedo.

Os Favoritos

Tadej Pogacar (UAE Team Emirates - XRG)

A UAE apresenta um bloco tão completo que, em teoria, poderia gerir a corrida de forma táctica e proteger Pogacar até ao final. Mas todos sabemos que esta será, inevitavelmente, uma corrida para o esloveno. O alinhamento da equipa tem Florian Vermeersch e Tim Wellens em excelente forma, Jhonatan Narváez como uma alternativa valiosa nas colinas, e ainda António Morgado, Nils Politt e Mikkel Bjerg, tendo o Português fechado Top-5 no ano passado. No entanto, Bjerg e Politt deverão sacrificar-se cedo.

Pogacar deverá atacar no Koppenberg, como em 2023, mas poderá também testar os rivais no Oude Kwaremont ou no Paterberg, sem esperar pela última volta. Se não conseguir isolar-se nas subidas, o vento frontal nos últimos 10 km poderá jogar contra ele. Ainda assim, poucos terão duvidas de que o Campeão do Mundo atacará... e voltará a atacar.

Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck)

O neerlandês venceu a Flandres três vezes e procura fazer história com um quarto triunfo. Em 2024, venceu sozinho após atacar no Koppenberg. Este ano, com Pogacar como rival direto, não terá vida fácil. Gianni Vermeersch será o seu principal apoio, já que Jasper Philipsen e Kaden Groves estão guardados para Roubaix.

Van der Poel prefere que a corrida não seja demasiado táctica. Se a UAE ou a Visma lançarem ataques, a sua equipa pode não conseguir controlar todos os cenários. A sua melhor hipótese será endurecer a corrida cedo e confiar na sua superioridade física.

Mads Pedersen (Lidl-Trek)

O dinamarquês está numa forma tremenda. Tem resistência, agressividade, capacidade de sprint e sobrevive bem às subidas. Com Jasper Stuyven como braço direito, terá liberdade total. O desafio será igualar os ataques de Van der Poel e Pogacar nas subidas mais íngremes, o que pelo que tem mostrado este ano, não é de excluir.

Pedersen é o tipo de ciclista que pode vencer em qualquer cenário, se chegar no grupo da frente.

Team Visma | Lease a Bike

Depois do erro táctico na Dwars door Vlaanderen, é improvável que a Visma repita a mesma abordagem. A estratégia deve passar por destruir a corrida antes das subidas, aproveitando o vento lateral nos primeiros quilómetros para provocar cortes e isolar líderes rivais.

Wout van Aert e Matteo Jorgenson partilham a liderança, mas Van Aert deverá ser mais agressivo no início, até porque Jorgenson parece estar melhor nas subidas. A equipa sabe que não pode deixar tudo para o final — um ataque bem sucedido de Pogacar pode deitar tudo a perder mesmo em superioridade numérica.

Filippo Ganna (INEOS Grenadiers)

O italiano tem sido uma das grandes surpresas das clássicas este ano. Com Magnus Sheffield, Joshua Tarling e Ben Turner ao seu lado, a INEOS tem ferramentas para o proteger e o lançar tacticamente.

Ganna não é o mais explosivo para os bergs, mas tem uma resistência e um sprint fortes. Se resistir no grupo da frente, é perfeitamente possível fazer um pódio.

Neilson Powless (EF Education-EasyPost)

Vem de uma vitória brilhante na Dwars door Vlaanderen e está claramente em forma. É inteligente tacticamente e pode aproveitar um cenário caótico para repetir o pódio surpresa de 2024.

Alec Segaert e Arjen Livyns

Dois belgas em ascensão, muito ativos nesta primavera. Numa corrida agressiva com divisões desde cedo, podem ser peças valiosas no grupo perseguidor.

Se a corrida for mais controlada e os ataques não resultarem em grandes cortes, alguns sprinters com boa resistência podem surgir em posição de discutir um lugar no pódio:

  • Luca Mozzato – 2.º classificado em 2024
  • Biniam Girmay – em boa forma e irá estrear-se em Roubaix
  • Corbin Strong, Davide Ballerini, Paul Magnier e Iván García Cortina – todos capazes de um sprint forte se sobreviverem às subidas

Vários nomes de peso podem não estar entre os favoritos à vitória, mas num grande dia têm o talento e a consistência para um lugar entre os 10 primeiros:

  • Laurence Pithie, Matej Mohoric, Fred Wright, Rasmus Tiller, Joe Blackmore, Casper Pedersen
  • Stefan Küng, Valentin Madouas, Dylan Teuns, Matteo Trentin

Previsão Volta à Flandres 2025:

*** Tadej Pogacar, Mathieu van der Poel
** Mads Pedersen, Matteo Jorgenson, Filippo Ganna
* Tim Wellens, Florian Vermeersch, Jhonatan Narváez, Gianni Vermeersch, Jasper Stuyven, Wout van Aert, Tiesj Benoot, Magnus Sheffield, Michael Matthews, Neilson powless, Lennert van Eetvelt, Valentin Madouas, Stefan Küng, Matteo Trentin

Escolha: Tadej Pogacar

Original: Rúben Silva

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