Vingegaard evita corridas após quedas graves, mas treinador descarta impacto mental profundo

Ciclismo
quinta-feira, 01 maio 2025 a 14:45
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Jonas Vingegaard construiu a sua reputação como um dos mais metódicos e eficientes corredores de Grandes Voltas da atualidade. Desde que se tornou líder da Team Visma | Lease a Bike, o dinamarquês tem focado quase toda a sua preparação em função da Volta a França. No entanto, a sua presença cada vez mais rara noutras corridas tem levantado questões, especialmente após os acidentes graves dos últimos dois anos.
A ausência de Vingegaard na Volta ao País Basco voltou a acender rumores sobre um possível receio psicológico de competir em determinadas provas. No podcast Kop over Kop, o antigo ciclista e comentador do Eurosport Bobbie Traksel sugeriu que o medo poderá estar a condicionar o calendário do dinamarquês:
"O medo foi a razão pela qual Vingegaard não foi para o País Basco. Se tivermos alguns ciclistas na equipa com esse tipo de medo, ele só aumenta", comentou.
A resposta veio de Tim Heemskerk, treinador de confiança de Vingegaard, que em conversa com a Velo não descartou totalmente a hipótese de que o impacto emocional de um acidente possa alterar o comportamento de um atleta:
"É difícil dizer qual o efeito que estes acidentes tiveram no Jonas, mas penso que qualquer ciclista que tenha filhos pondera mais os riscos que corre numa corrida. O ciclismo está cada vez mais caótico e perigoso. Talvez haja uma diferença nas decisões em fracções de segundo entre ciclistas que têm família e os que não têm."
A referência mais direta é à queda dramática na Itzulia Basque Country em 2024, que deixou Vingegaard hospitalizado e nos cuidados intensivos. Apesar da recuperação impressionante que o levou a terminar a Volta a França no segundo lugar, atrás de Tadej Pogacar, o escasso número de dias de corrida após o acidente e o fim prematuro da temporada deixaram dúvidas sobre o impacto prolongado do episódio.
Já em 2025, a história repete-se. Vingegaard venceu a Volta ao Algarve com autoridade, mas viria a cair no Paris-Nice, sendo forçado a parar novamente. Neste momento, tudo indica que só voltará a competir no Critérium du Dauphiné, em junho, como única prova preparatória antes do Tour.
Heemskerk, contudo, mantém-se tranquilo:
"Não estou a dizer que tudo isto influenciou o Jonas. Cada ciclista é diferente. Quando o vi correr na Volta a França depois da queda que teve, não me pareceu que houvesse qualquer problema. Foi mentalmente muito forte ao conseguir competir a esse nível logo após um acidente tão grave."
Sobre a falta de ritmo competitivo, o técnico sublinha que o treino estruturado pode, em muitos casos, compensar a ausência de corridas:
"Vemos muitos ciclistas a ter desempenhos de alto nível apenas com treino. Vimos isso com o Jonas no ano passado. Claro que há elementos de corrida, como a colocação no pelotão e a leitura de situações em grupo, que não se treinam. Ambos são importantes, mas há perfis de corredores que conseguem lidar com isso melhor do que outros."
Com Vingegaard a preparar-se discretamente, o duelo com Pogacar no Tour de 2025 ganha ainda mais expectativa. Resta saber se a opção por um calendário minimalista voltará a dar frutos ou se a falta de competição pode, desta vez, pesar contra o dinamarquês.
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