Wiggins promete mais revelações sobre a Team Sky: “A história não está completa”

Mais de uma década após a sua histórica vitória na Volta à França, Sir Bradley Wiggins voltou a levantar suspeitas sobre a controversa era da Team Sky, sugerindo que "a verdade virá à tona" sobre os escândalos de sacos Jiffy e o uso generalizado de isenções de utilização terapêutica (AUT) durante o seu tempo na equipa.

Em entrevista à BBC Radio 4, Wiggins insinuou que a história em torno da Team Sky ainda guarda detalhes ocultos e que, eventualmente, mais informações serão reveladas. “Fui colocado numa posição em que tinha de provar uma (análise) negativa”, afirmou Wiggins. “A história que correu depois disso estava cheia de insinuações e suposições, e isso foi crescendo. Foi um ato sinistro, houve muita coisa que se passou nos bastidores e que continua até hoje. A verdade virá ao de cima em algum momento.”

A nova autobiografia de Wiggins, "The Chain", revisita tanto os momentos de glória quanto os episódios mais turbulentos da sua carreira. Desde a conquista histórica da Volta à França em 2012 até o escrutínio público da sua relação com a Team Sky, que mais tarde se tornaria INEOS Grenadiers.

A Team Sky, liderada por Sir Dave Brailsford, foi alvo de críticas devido ao uso do corticosteroide triamcinolona por vários ciclistas da equipa, administrado sob a autorização de isenções médicas. O uso dessa substância gerou controvérsias, embora não tenha sido provada qualquer violação formal de doping, apesar de um inquérito parlamentar britânico ter concluído que a Sky ultrapassou uma linha ética.

Wiggins, embora mantendo a sua inocência, acusou a Team Sky de o ter abandonado quando o escândalo estourou. "A Team Sky atirou-me para a boca do lobo", disse ele ao The Times antes do lançamento do livro. "Havia algo mais importante a passar-se". As suas declarações à BBC foram no mesmo tom, sugerindo que ainda há aspetos não revelados sobre a Team Sky que precisam ser esclarecidos.

Em The Chain, Wiggins não só aborda o impacto do escândalo da Team Sky, mas também compartilha sua própria luta pessoal, incluindo os abusos de infância, o vício em cocaína e as dificuldades familiares que marcaram sua vida fora das competições.

O campeão olímpico e da Volta à França refere que, a partir do momento em que foi acusado de mentir por alguns meios de comunicação, como o Daily Mail, ele sentiu a necessidade de dar sentido a toda a situação. Reflete ainda sobre as suas responsabilidades pessoais e admite que, durante os anos em que era uma figura pública muito visada, não assumiu o controlo total da sua vida.

“Sou responsável pela minha própria vida. Devia ter assumido mais responsabilidade pelos meus próprios cuidados e não estar dependente de mais ninguém”, afirmou Wiggins, refletindo sobre o impacto dos seus problemas pessoais.

A promessa de Wiggins de que mais revelações sobre a Team Sky ainda estão por vir alimenta a controvérsia que sempre cercou a equipa britânica. A promessa de que "a verdade virá ao de cima" pode ainda revelar mais detalhes sobre o que aconteceu nos bastidores daquela que foi uma das equipas mais dominantes do ciclismo nos anos 2010.

Após a sua reforma em 2016, Wiggins teve que lidar com os efeitos da falência, dependência e problemas de imagem pública. No entanto, desde que escreveu "The Chain", Wiggins afirma estar limpo e tem tentado reconstruir sua vida pessoal e profissional.

“Porquê escrevê-lo agora? Foi uma oportunidade, depois de um ano a ser uma versão melhor de mim próprio e a limpar o meu nome, de escrever tudo isto com as minhas próprias palavras, a minha própria história, ao pormenor”, explicou Wiggins sobre o livro.

Embora a história de Wiggins e da Team Sky ainda esteja a ser discutida, o ciclismo britânico continua a ser profundamente influenciado pelos eventos que marcaram aquela era. As questões sobre ética, isenções médicas e os super-equipamentos que dominavam as Grandes Voltas permanecem no centro das discussões sobre o futuro do desporto.

Com as super-equipas a dominarem o ciclismo moderno, é provável que o legado da Team Sky e os desafios enfrentados por Wiggins continuem a influenciar o debate sobre o futuro do ciclismo profissional, tanto para as novas gerações de ciclistas quanto para os gestores e patrocinadores.