Mesmo dois anos após pendurar a bicicleta como profissional,
Greg Van Avermaet continua a testar os seus limites. O antigo campeão olímpico voltou a competir ao mais alto nível no
Campeonato do Mundo de Gravel da UCI 2025, disputado entre Beek e Maastricht (181,1 km), onde terminou no 19.º lugar, a 5 minutos e 12 segundos do vencedor, o também belga Florian Vermeersch.
O belga de 40 anos, agora afastado da rotina competitiva do World Tour, descreveu a experiência como uma das mais duras desde a sua retirada. “Sofri muito”, confessou Van Avermaet à WielerFlits. “Estou um pouco abaixo do nível necessário para acompanhar a elite. Especialmente contra os ciclistas do World Tour. Vê-se que eles têm um extra. Desde o início até ao fim, estive no meu limite.”
"Sofri muito"
Apesar de ainda manter uma boa condição física, o vencedor da Paris-Roubaix 2017 e campeão olímpico no Rio de Janeiro 2016 reconheceu que o gravel competitivo é uma modalidade que exige intensidade constante “É uma disciplina demasiado rápida para fazer depois da carreira profissional. Não há borlas e é preciso pedalar constantemente. Quase não há proteção do pelotão e a concentração tem de ser total. O percurso foi muito técnico, com muitas curvas rápidas que obrigavam a acelerar sempre. Não se pode subestimar nada.”
O início da prova foi particularmente complicado para Van Avermaet, que descreveu as primeiras horas como um verdadeiro campo de batalha: “Durante as primeiras duas horas, foi muito difícil manter uma boa posição. Se chegássemos na 80.ª posição num troço de gravilha, tínhamos de gastar muita energia para voltar à frente. Tenho a certeza de que todos estavam no máximo.”
Florian Vermeersch, Campeão do Mundo de Gravel 2025
O percurso entre Beek e Maastricht, marcado por zonas expostas ao vento, secções técnicas e estradas estreitas, não deu margem para erros. As longas rectas de gravilha alternavam com subidas curtas e duras, um terreno onde a resistência psicológica se torna tão importante como a força física.
Apesar do sofrimento, o belga mostrou-se satisfeito com o resultado e com o esforço demonstrado. “Consegui dar o máximo de mim. É preciso lembrar que estou retirado há dois anos. Ainda faço algum gravel, mas a diferença de nível em relação aos ciclistas ativos do World Tour é muito grande. Não posso estar infeliz. Para as hipóteses que tinha, o percurso era perfeito.”
Gravel: um novo palco de alta intensidade
O belga também aproveitou para elogiar a evolução da disciplina e a forma como o Mundial de Gravel se tem vindo a afirmar como evento mediático e competitivo de alto nível.
“Acho que quem viu pela televisão deve ter gostado. É bom não ter apenas um grupo que se mantenha junto até à meta. Houve muito jogo tático. É uma disciplina bonita, mas também muito difícil.”
A 19.ª posição de Van Avermaet pode parecer modesta para quem conquistou Monumentos e medalhas olímpicas, mas o próprio resumiu o espírito da jornada: “Sofri, mas diverti-me. E isso é o que conta.”