Assinalam-se hoje dois anos desde a trágica morte de
Gino Mäder, ciclista suíço que perdeu a vida após uma violenta queda na 5ª etapa da
Volta à Suíça de 2023. Tinha apenas 26 anos e era considerado um dos talentos mais promissores da sua geração.
Enquanto decorre a edição de 2025 da Volta à Suíça, a
Bahrain - Victorious reservou um momento especial para recordar o seu antigo corredor, publicando nas redes sociais uma sentida homenagem: "Para sempre nos nossos corações, Gino. Dois anos sem ti, e não há um dia que passe que não pensemos em ti".
Mäder era muito mais do que um excelente trepador. No seio do pelotão, era admirado pela sua inteligência, empatia e humildade. A sua morte abalou profundamente o mundo do ciclismo e permanece, dois anos volvidos, como uma ferida aberta entre colegas, fãs e todos os que partilharam a estrada com ele.
Gino Mäder venceu uma etapa na Volta a Itália e outra na Volta à Suíça durante a sua curta carreira
Mais do que um talento em ascensão, Gino Mäder era um colega de equipa solidário e um amigo generoso. A sua forma de estar no desporto inspirava os que o rodeavam, dentro e fora da bicicleta. Dois anos depois do fatídico dia, a ausência ainda se faz sentir intensamente, e a memória do jovem suíço continua a iluminar o pelotão.
A pergunta impõe-se: o que mudou desde então? Será que o ciclismo fez o suficiente para garantir que tragédias como a de Mäder não voltem a acontecer?
A 5ª etapa da Volta à Suíça de 2023 terminou com a descida do Albula Pass, uma secção técnica e traiçoeira onde Gino caiu a alta velocidade, acabando por sofrer lesões fatais. A gravidade do acidente reacendeu de imediato o debate em torno da segurança dos corredores, sobretudo no que diz respeito ao desenho das etapas, às zonas de descida e às condições do percurso.
Desde então, algumas medidas foram tomadas. A União Ciclista Internacional (UCI) reforçou a colaboração com as equipas e organizadores para rever certos aspetos logísticos e introduziu novas normas de segurança. Entre elas, destacam-se a análise mais rigorosa dos perfis das etapas, limites mais apertados para zonas de elevado risco e um maior controlo na implementação de barreiras de proteção. Ainda assim, muitos consideram que estas ações ficam aquém do necessário.
Os ciclistas continuam a enfrentar velocidades vertiginosas em descidas perigosas, muitas vezes com pouca margem de erro e em condições imprevisíveis. A discussão sobre o equilíbrio entre espetáculo e segurança continua a dividir opiniões, mas a verdade é que, até hoje, o pelotão permanece vulnerável.
A morte de Gino Mäder deveria ter sido um ponto de viragem e, para muitos, foi. Mas outros continuam a alertar que os progressos têm sido lentos, pontuais e muitas vezes simbólicos. Há quem defenda uma maior autonomia para os corredores na decisão de neutralizar ou alterar etapas, bem como a presença obrigatória de comissões de segurança com voz ativa na organização das corridas.
Na memória de Gino, a Bahrain Victorious continua a ser uma das equipas mais vocais na defesa de melhores condições para os ciclistas. O legado que Mäder deixou estende-se para lá do desporto. Era conhecido pela sua consciência social e ambiental, pelo apoio a causas humanitárias e pela forma como procurava tornar o ciclismo uma plataforma de mudança.
A sua ausência continua a ser profundamente sentida, não só pelos colegas que o conheceram, mas também por uma geração que vê nele um símbolo daquilo que o ciclismo pode (e deve) ser: combativo, mas humano; competitivo, mas seguro.
Neste 16 de junho, em plena Volta à Suíça, o pelotão pedala com o coração mais pesado. Dois anos passaram desde a sua morte, mas o impacto do desaparecimento de Gino Mäder permanece vivo. A sua memória continua a inspirar. E a pergunta continua sem resposta definitiva: estará o ciclismo, finalmente, a fazer o suficiente para proteger os seus heróis?