Pauline Ferrand-Prévot teve em 2025 o regresso ao ciclismo de estrada mais triunfal possível. A francesa da
Team Visma | Lease a Bike não só venceu a Paris-Roubaix Femmes, como realizou uma
Volta a França Feminina de sonho, conquistando a Camisola Amarela de forma dominadora e emocionando o público francês com uma vitória épica nas montanhas.
“Primeiro, o Paris-Roubaix foi fantástico, e depois ganhar a Volta a França, como sempre digo, foi um sonho. Por isso, sim, foi um ano fantástico e estou ansiosa pela próxima época para tentar fazer ainda melhor”, disse Ferrand-Prévot à Marca.
A atleta de 33 anos, já considerada uma das figuras mais completas da história do ciclismo feminino, voltou ao topo da estrada depois de anos dedicados ao BTT e ao ciclocrosse. Agora, com o novo calendário a incluir provas como a Milan-Sanremo Feminina, Ferrand-Prévot traça novas metas, procurando consolidar o seu nome também entre as grandes clássicas de estrada.
O ataque que decidiu o Tour
Na Volta a França Feminina 2025, Ferrand-Prévot partia como outsider, mas surpreendeu tudo e todos. No penúltimo dia, protagonizou uma subida memorável ao Col de la Madeleine, recuperando o atraso na classificação e assumindo a liderança da corrida.
“Foi uma loucura. Na última etapa, disse ao meu treinador que não precisava de ganhar outra vez, mas quando chegámos à última subida e a Demi [Vollering] atacou, senti-me forte”, recorda.
Com a geral praticamente assegurada, Ferrand-Prévot ainda encontrou energia para atacar nos últimos cinco quilómetros e fechar o seu Tour de sonho com mais uma vitória.
“Pensei ‘ok, vou atacar e ver o que acontece’. De repente, estava na frente, e disse para comigo: ‘não tenho nada a perder’. Dei tudo por tudo e valeu a pena. Ganhar duas etapas com a Camisola Amarela foi, sem dúvida, uma recordação inesquecível.”
O peso da polémica
Logo após a vitória, um tema paralelo tomou espaço nas manchetes: o peso de Ferrand-Prévot durante a prova. A francesa reconhece que a questão surgiu de forma injusta e descontextualizada.
“Sim, foi um tema importante durante e depois do Tour. Penso que foi um pouco injusto porque se falou muito do meu peso, mas eu preparei-me para a corrida o melhor que pude”, explicou.
Segundo Ferrand-Prévot, a conversa desviou a atenção do verdadeiro mérito desportivo.
“Nos desportos de resistência, é importante ser leve, especialmente em subidas como a Madeleine. É preciso estar em boa forma. Mas a discussão foi exagerada”, afirmou.
“No ciclismo feminino, estas questões são mais discutidas, em parte por razões de saúde e também porque, como mulheres, temos de cuidar bem do nosso corpo.”
Mais do que o tema em si, o que a incomodou foi o momento em que surgiu:
“Achei injusto o facto de ter surgido logo após a minha vitória. O peso é importante, sim, mas é apenas um fator. Também é preciso treinar, recuperar e fazer tudo bem. É apenas um parâmetro, não é tudo. De qualquer forma, o meu peso já voltou ao normal, por isso está tudo bem.”
Olhar para 2026: novos sonhos, mesma ambição
A francesa entra em 2026 com foco total no ciclismo de estrada, deixando para trás o ciclocrosse e o BTT, modalidades nas quais também conquistou títulos mundiais.
“Para já, só o ciclismo de estrada. Acho que já não é possível combinar várias disciplinas ao mesmo tempo. Quero concentrar-me no ciclismo de estrada e preparar-me o melhor possível para ganhar mais corridas.”
O próximo grande objetivo é claro: voltar a vencer a Volta a França Feminina e acrescentar novos monumentos ao palmarés.
“Gostaria de ganhar mais monumentos, como a Liege-Bastogne-Liege, por exemplo. E, claro, gostaria de voltar a ganhar o Tour. Correr no meu próprio país e defender o título é algo muito especial.”
Para uma ciclista que já conquistou quase tudo o que havia para conquistar, a motivação continua intacta.
“Gosto muito do que faço. Quero continuar a correr durante pelo menos mais dois anos. Só quero ganhar o maior número possível de corridas e divertir-me com o que faço.”