A 16ª etapa da
Volta a Espanha 2025 tinha todos os ingredientes para ser um marco memorável: o dia em que Egan Bernal voltou a triunfar numa Grande Volta, três anos depois do grave acidente que quase lhe custou a carreira (e a própria vida). O colombiano da INEOS superou Mikel Landa nos metros finais e voltou a sentir o sabor da vitória, a primeira desde 2021.
Mas, em vez de um final vibrante no Castro de Herville, a realidade foi bem diferente. Manifestantes pró-palestinianos bloquearam a subida final e obrigaram os organizadores a encurtar a etapa a oito quilómetros da meta oficial. O triunfo de Bernal aconteceu em silêncio, sem público, sem pódio e sem celebração.
Uma vitória sem festa
"É ótimo para Egan ganhar depois de tudo o que passou, mas não é a mesma sensação", comentou
Johan Bruyneel no podcast TheMove. O seu colega Spencer Martin resumiu: "Foi um final anticlímax."
Bernal e Landa tinham-se destacado na penúltima subida, com rampas acima dos 17%, mas viram o clímax da etapa desaparecer. Ainda assim, para o colombiano, tratou-se de um momento de redenção, mesmo sem o ambiente habitual.
Egan Bernal venceu a etapa 16 da Volta a Espanha
Vingegaard resiste e Almeida ainda sonha
Na luta pela geral, Jonas Vingegaard manteve a camisola vermelha, apesar de um susto mecânico resolvido com a bicicleta de Ben Tulett. O dinamarquês conserva 48 segundos sobre João Almeida, que continua isolado devido à fragilidade da UAE Team Emirates - XRG.
Atrás, Tom Pidcock segue em terceiro (a 2:38), Jai Hindley em quarto (a 3:10) e Giulio Pellizzari em quinto (a 4:21). A Team Visma | Lease a Bike mostra força coletiva, com Sepp Kuss já em 8º, enquanto Almeida vê colegas como Marc Soler a desperdiçar energias em fugas. "Eles não precisam de mais vitórias em etapas, precisam de proteger o João Almeida", criticou Bruyneel.
Quando é que a Emirates vai apoiar totalmente João Almeida?
Segurança no centro do debate
Depois da neutralização da 11ª etapa em Bilbau e desta interrupção na Galiza, o tema central deixou de ser a tática e passou a ser a segurança. "Se não conseguem garantir um percurso seguro, a corrida deve ser cancelada", avisou Bruyneel, lembrando que até os contrarrelógios são alvos fáceis para manifestantes.
A improvisação logística também foi visível: veículos bloqueados no alto, confusão televisiva e frustração entre adeptos que não puderam assistir ao final esperado.
E agora?
Madrid continua no horizonte, mas cada nova etapa é uma incógnita. Almeida acredita na vermelha, Hindley sonha com o pódio e Pidcock vive a melhor Grande Volta da carreira. Porém, cada dia traz a dúvida: será decidido nas pernas ou fora da estrada?
Para Bernal, fica a alegria íntima de voltar a ganhar. Para a Vuelta 2025, fica a sombra de uma edição em que o ciclismo tem sido tantas vezes ultrapassado pelo que acontece além das barreiras.