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Volta a Espanha 2025 viveu mais um dia de frustração e tensão fora da estrada. A 16ª etapa, que terminava na subida para Castro de Herville, foi neutralizada a 8 km da meta devido à presença de um grupo numeroso de manifestantes anti-israel que bloqueou a estrada. Sem condições de segurança, os organizadores decretaram o final antecipado da corrida, deixando o pelotão sem a batalha decisiva esperada.
Vingegaard: “É uma pena para os adeptos espanhóis”
O líder da classificação geral,
Jonas Vingegaard, não escondeu a sua decepção após a etapa. “É uma pena que isto esteja a acontecer outra vez. Toda a gente tem o direito de protestar, mas é uma pena que tenha de acontecer aqui e desta forma e que não possamos terminar a etapa. Isto não devia acontecer. A equipa trabalhou bem hoje e eu gostaria de ter honrado o trabalho deles no final. É uma pena que os fãs espanhóis de ciclismo não tenham visto um final emocionante.”
O dinamarquês da
Team Visma | Lease a Bike, que procurava reforçar a camisola vermelha frente a João Almeida, acabou por ver a etapa perder o seu clímax. Apenas ciclistas como Felix Gall e William Junior Lecerf, que tinham descolado na penúltima subida do dia devido ao ritmo imposto pela Bahrain - Victorious, sofreram perdas. Entre os favoritos ao pódio, tudo ficou inalterado.
Plugge: “É lamentável, já é a segunda vez”
O patrão da Visma, Richard Plugge, partilhou da mesma frustração. Embora a neutralização tenha protegido a liderança da equipa, o neerlandês não se poupou nas críticas:
“É verdadeiramente lamentável que esta decisão tenha de ser tomada de novo para garantir a segurança dos ciclistas. Enquanto os organizadores da corrida e a UCI permitirem que a Vuelta prossiga, presumo que também podem garantir que ela se realize em segurança.”
Plugge alertou ainda para os efeitos repetidos destas interrupções na integridade da corrida:
“Esta é já a segunda vez que têm de reconsiderar a situação durante a corrida, o que afecta o resultado. Quero apelar mais uma vez ao público para que não interfira com os nossos ciclistas e com a corrida. Ao mesmo tempo, peço aos organizadores que façam tudo o que puderem para salvaguardar o evento, para que todos possamos desfrutar de uma batalha emocionante na última semana da Vuelta.”
Um padrão perigoso
Este foi o segundo final neutralizado em menos de uma semana, depois da etapa 11 em Bilbao, interrompida pelo mesmo motivo. Apesar de a Israel – Premier Tech já ter retirado a palavra “Israel” do material oficial, os protestos persistem e têm escalado, aumentando os receios em torno das etapas decisivas e da chegada a Madrid.
Com a corrida ainda em aberto e a luta pela geral a ferver entre Vingegaard e João Almeida, o ciclismo corre o risco de ver a disputa desportiva ser continuamente condicionada por acontecimentos externos.