George Hincapie regressou à linha da frente do ciclismo profissional com uma mensagem clara: a sua nova Modern Adventure Pro Cycling Team não é uma extensão, renascimento, tributo nem continuação disfarçada da sua longa associação com
Lance Armstrong.
O antigo especialista das Clássicas, que se retirou em 2012 com 28 vitórias, incluindo a Gent-Wevelgem, afirmou que, embora os dois ainda colaborem num podcast, o novo projeto será construído com nova liderança, novos valores e novos objetivos.
"Estamos em contacto e, como disse, trabalhamos juntos no podcast, mas a equipa é completamente independente do Lance e, mesmo na procura de patrocinadores, avanço de forma autónoma e por canais diferentes",
disse ao Bici.Pro.Hincapie posiciona a estrutura como uma reconstrução de longo prazo e por etapas, e não como um projeto publicitário ou um regresso nostálgico.
Um projeto âncora nos EUA a longo prazo, com ambição de Volta a França
O antigo corredor da Motorola, US Postal e BMC diz que o objetivo é nada menos do que uma super equipa americana competitiva na Volta a França, com identidade estrutural assente em talento nacional e não apenas em licenças.
"Quero criar a dream team americana, a dream team da Volta a França", afirmou, acrescentando que a formação operará com uma política mínima de 50 por cento do plantel dos EUA para garantir reconhecimento e adesão cultural. "Quero provar que consigo construir uma equipa muito bem-sucedida e revitalizar o ciclismo aqui na América".
A sua preocupação centra-se na visibilidade: os melhores corredores americanos competem atualmente maioritariamente em estruturas europeias, diluindo o impacto e deixando os adeptos sem uma equipa nacional clara para apoiar.
Calendário europeu como prioridade - criteriums mantêm carácter secundário
A Modern Adventure quer competir na Europa, no Médio Oriente e em provas selecionadas nos EUA, mas não fará dos critériums a sua identidade, apesar de reconhecer o seu valor como espetáculo.
"Nos primeiros dois anos, vamos correr onde for possível", disse, confirmando que os convites não estão garantidos devido ao estatuto de segunda divisão. Descreveu os critériums como "curtos, cheios de adrenalina e empolgantes", mas definiu a Europa como o foco competitivo.
Hincapie acrescentou ainda que a equipa tentará vencer cinco corridas na época de estreia, sublinhando a progressão desportiva como referência interna, e não otimismo para consumo de adeptos.
Reconstrução de Hayter é central para a filosofia do projeto
A contratação de Leo Hayter, que se afastou da competição devido a depressão antes de regressar aos 22 anos, é encarada como responsabilidade e não como aposta.
A juntar ao britânico, mais 19 ciclistas foram contratados, incluindo Byron Munton, 3º classificado na última Volta a Portugal, o ex-worldtour Stefan de Bod e 2 outros vencedores de etapas na grandíssima: Hugo Scalla Jr e Scott McGill. Hincapie contratou Bobby Julich como diretor de performance com o objetivo explícito de retirar pressão, recuperar confiança e oferecer infraestrutura de elite.
Ex-prodígio da INEOS, Leo Hayter regressa ao pelotão com a equipa de Hincapie
"Vamos todos trabalhar para reduzir a pressão e dar-lhe as melhores ferramentas para voltar ao seu nível e até superá-lo", afirmou, exprimindo entusiasmo pessoal e reconhecendo o risco de ambas as partes.
Modern Adventure: identidade limpa, rutura clara, horizonte definido
Hincapie comparou o entusiasmo à sensação de assinar o primeiro contrato europeu aos 19 anos, descrevendo o regresso como "divertido, emocionante e angustiante", mas "uma ótima sensação".
A mensagem é inequívoca: a Modern Adventure não é uma ressurreição de marca, nem uma plataforma de reabilitação, nem um projeto nas sombras, é uma nova tentativa americana de construir, do zero, um programa credível de topo.