"A equipa pode dividir-se em duas frentes" - Jan Bakelants preocupado com o excesso de líderes na Red Bull após contratação de Evenepoel

A transferência de Remco Evenepoel para a Red Bull - BORA - hansgrohe altera profundamente a distribuição do poder nas equipas de ciclismo de fundo, uma vez que Primoz Roglic, Florian Lipowitz e Evenepoel deverão passar a usar as mesmas cores a partir de 2026. Isto levanta a questão de como é que estes três homens – todos com ambições de vencer Grand Tours – vão dividir os seus objectivos. O ex-profissional Jan Bakelants considera que esta pode ser uma tarefa impossível, mesmo para um técnico tão experiente como o antigo selecionador nacional belga Sven Vanthourenhout.

"Em termos de calendário, este não é o melhor momento para uma mudança para a Red Bull: a descoberta de Florian Lipowitz complica tudo", diz Bakelants ao Het Laatste Nieuws. "Há dois meses, pensava-se que Remco seria o líder absoluto, mas agora ele vai ter de afirmar a sua posição. Ele vai ter de se tornar o líder na estrada. Porque como é que se distingue uma coisa da outra? Continuo convencido de que um Evenepoel em grande forma é melhor ciclista do que Lipowitz, mas será que toda a gente vê as coisas assim?"

"Remco ficou em terceiro lugar no seu primeiro Tour, aos 24 anos. Lipowitz também terminou em terceiro no seu primeiro Tour, aos 24 anos. Será que o alemão se vai deixar pôr de lado tão facilmente? Suspeito que no próximo ano ele possa ser apaziguado com a promessa de que pode ser a estrela do Giro ou da Vuelta, mas e no futuro?"

Bakelants recorda que a Red Bull - BORA - hansgrohe conta também com o talentoso Giulio Pellizzari e o experiente Primoz Roglic. "O diretor desportivo, Sven Vanthourenhout, vai ter muito trabalho para os pôr em sintonia", diz Bakelants, que tem mais dúvidas.

"A direção da equipa ainda não provou que consegue utilizar os seus recursos de forma eficiente", conclui, com base nos desempenhos decepcionantes de vários ciclistas que chegaram no inverno passado, como a recém-formada equipa de Clássicas.

"Não se entra assim humildemente. É quase uma aquisição hostil. A nomeação de Vanthourenhout, em particular, é um ataque frontal à equipa existente. Ou, pelo menos, é o que parecerá a alguns. Se não se tiver cuidado, a equipa pode dividir-se em duas frentes. Por isso, de um ponto de vista desportivo, é melhor começar a trabalhar para o Evenepoel. É a única forma de conseguir que os atuais ciclistas participem no projeto Remco."