Anna van der Breggen regressou esta semana à ribalta internacional com mais um pódio no Campeonato do Mundo de contrarrelógio. A holandesa de 35 anos teve de se contentar com a medalha de prata em Kigali, numa prova onde a suíça Marlen Reusser foi claramente a mais forte e conquistou a camisola arco-íris. Para Van der Breggen, o resultado teve tanto de déjà vu como de satisfação pessoal, num ano marcado pelo regresso à alta competição.
"É a minha quinta medalha de prata no contrarrelógio", reconheceu após cortar a meta, em declarações à Cycling Pro Net. "Normalmente, dir-se-ia: 'outra vez prata', mas estou muito feliz com esta. Não estava nada à espera. O calor, a altitude, não era um plano de ritmo normal. Tive de seguir o feeling e começar com cuidado e, no final, estava vazia, mas muito feliz com a prata".
O traçado de Kigali, com os seus 31 quilómetros em altitude, impôs condições extremas a todas as participantes. Para além do ar rarefeito e do calor sufocante, as longas descidas em alta velocidade obrigaram as ciclistas a tomar decisões em fracções de segundo: empurrar mais nas descidas ou aproveitar cada oportunidade para recuperar energias.
"Gosto sempre quando é um pouco diferente", explicou Van der Breggen. "Temos de nos adaptar àquilo a que estamos habituados. Fiz uma aposta ao começar de forma conservadora e, no final, foi a decisão correta. Foi um contrarrelógio muito especial, muito difícil, mas é por isso que esta medalha é linda".
A vitória de Reusser, depois de várias épocas a falhar por pouco, marcou finalmente a consagração da suíça na disciplina. Van der Breggen, que já conquistou o ouro em Imola 2020, não deixou de sublinhar a exigência do momento. "Hoje foi difícil", admitiu. "Toda a gente se apercebeu disso. É por isso que estou muito orgulhosa desta medalha".
Com o resultado de Kigali, o registo da neerlandesa nos Mundiais de contrarrelógio reforça a sua notável consistência: cinco medalhas de prata e um título mundial. O destino parece tê-la colocado de novo no segundo degrau do pódio, mas no contexto de um ano de regresso e num percurso tão particular, esta prata tem o peso de uma vitória moral.