A quebra de Primoz Roglic será o fim da linha para o esloveno? Com 35 anos, terá sido a última oportunidade de vencer uma grande volta?

Ciclismo
segunda-feira, 26 maio 2025 a 14:40
primozroglic
A etapa 15 da Volta a Itália 2025 deixou uma imagem dura e inesperada para os fãs de Primoz Roglic. O líder da Red Bull – BORA – Hansgrohe, tido como um dos grandes favoritos à Camisola Rosa, viveu um dos piores dias da sua carreira recente. Totalmente à margem da luta entre os candidatos à geral, o esloveno foi deixado para trás no Monte Grappa, incapaz de seguir sequer o ritmo dos seus gregários, e cruzou a meta 1 minuto e 30 segundos depois de Isaac Del Toro, o atual líder da corrida.
Foi uma quebra total. Não apenas perdeu tempo, foi desmantelado. Caiu para o 10.º lugar na classificação geral, agora a 3:53 da liderança, e viu-se envolto em especulações sobre um eventual abandono durante o segundo dia de descanso. Tendo sofrido múltiplas quedas ao longo da semana, a sua forma e integridade física são agora uma incógnita.
Mas será este o fim da linha para Roglic nesta temporada? Ou apenas mais um capítulo num padrão que já vimos antes?

Roglic e o ciclo da adversidade

A carreira de Roglic é marcada não apenas por vitórias, mas por uma resiliência quase inumana perante o infortúnio. Quedas, lesões e momentos de crise fazem parte do seu historial em Grandes Voltas - mas em vez de ceder, o esloveno regressa sempre mais forte.
Basta recuar a 2024: após um início promissor na Volta a França, onde foi 3.º no contrarrelógio da etapa 7 e 4.º da geral até à etapa 12, uma queda numa descida resultou numa fratura das vértebras e no seu abandono. Parecia o fim da sua temporada.
Mas um mês depois, na Volta a Espanha, voltou à carga. Após perder quase cinco minutos para Ben O’Connor na etapa 6, Roglic foi recuperando terreno gradualmente, ganhando tempo nas montanhas e assaltando a liderança na etapa 19, com um ataque magistral no Alto de Moncalvillo, conquistando a sua quarta Vuelta.

De quedas a vitórias - a história repete-se

O padrão repete-se. Em 2022, chocou contra um fardo de feno na 5.ª etapa do Tour e deslocou o ombro. Desistiu, sim, mas voltou em forma à Vuelta - embora tenha sido travado por uma queda com Fred Wright, quando lutava novamente pela geral.
Em 2021, outro Tour comprometido logo à 3.ª etapa. Acabou por abandonar na 9.ª. O desfecho? Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos no contrarrelógio de Tóquio e nova vitória demolidora na Vuelta, por mais de quatro minutos.
Roglic sabe como recuperar do desespero 
Roglic sabe como recuperar do desespero 

2025: o dilema da continuidade

Este Giro apresenta um dilema real. Roglic ainda está em prova, mas num cenário onde, realisticamente, o melhor que pode ambicionar é um top 5. Com dores persistentes e adversários em ascensão, continuar a forçar poderá ser um risco desnecessário, especialmente com a Volta a França como grande objetivo do ano.
Abandonar agora dar-lhe-ia mais de um mês para recuperar e preparar o Tour, algo que poderá ser vital se a lesão for muscular, ou pior, óssea. A história mostra que Roglic sabe recuperar fisicamente, mesmo em prazos curtos.
Por outro lado, há o fator ritmo competitivo. Roglic é um ciclista que vive do andamento, da intensidade. Um abandono pode afetar a sua preparação não só física, mas mental - e 2025 não terá uma Vuelta como rede de segurança. O Tour será a última oportunidade para um triunfo numa Grande Volta este ano.

A estrada ainda pode surpreender

O Giro tem sido cruel, mas não está perdido. E Primoz Roglic não é um ciclista comum. A sua carreira prova que há sempre um segundo ato, uma recuperação improvável. A dor de agora pode ser o combustível de uma grande vitória mais à frente. Mas para isso, terá de tomar a decisão certa nos próximos dias.
Se sair, será por estratégia, não por desistência. Se ficar, será por convicção. De qualquer forma, não se deve subestimar alguém que tantas vezes reescreveu o fim da história.
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