Adam Blythe lamenta falta de apoio moral a Remco Evenepoel na hora do abandono da Volta a França: "Faltava-lhe cabeça"

Ciclismo
segunda-feira, 21 julho 2025 a 9:30
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A participação de Remco Evenepoel na Volta a França 2025 terminou de forma amarga na 14.ª etapa, quando o belga foi forçado a abandonar após perder completamente o contacto com os principais candidatos à classificação geral. O abandono gerou reações diversas no mundo do ciclismo, incluindo críticas sobre a estrutura que o rodeia na Soudal - Quick-Step.
Para Adam Blythe, antigo profissional britânico e atualmente comentador na TNT Sports, a ausência de uma figura de referência dentro da equipa poderá ter sido determinante para o colapso do belga nos Alpes. “Penso que ele precisava de alguém com um historial mais forte do que o dele dentro da própria equipa”, apontou Blythe, referindo-se ao terceiro classificado da última edição da Volta a França. “Se alguém como o Philippe Gilbert, um ex-companheiro de equipa, estivesse com ele, penso que o teria agarrado pelas costas e dito: 'vai comigo até ao topo desta subida e depois vê como corre'.”
Blythe acredita que Evenepoel enfrentou o momento mais difícil da sua jovem carreira sem o apoio emocional e estratégico de uma voz experiente. “Ele não tem ninguém atrás dele a dizer: 'faz isto em prol da equipa'. Não quero dizer que ele não tenha tentado, mas, naquela situação, é preciso alguém com mais maturidade e estatuto. Parece-me que ele até podia ter pernas, mas faltava-lhe cabeça.”
A saída de cena de Evenepoel, que foi oficializada após uma etapa particularmente dura nos Alpes, foi alvo de análise também por parte de Robbie McEwen. O ex-sprinter australiano e colega de painel de Blythe na TNT Sports mostrou-se mais compreensivo em relação à decisão do ciclista e da Soudal - Quick-Step. “Não o vou criticar por ter abandonado”, afirmou. “Sim, provavelmente podia ter terminado a etapa, mesmo fora do tempo limite, mas não sabemos há quanto tempo esta situação se vinha a agravar. E também não temos acesso a informações médicas concretas.”
Para McEwen, a decisão da equipa deve ser entendida como uma medida de precaução para proteger o ativo mais valioso da estrutura belga. “Fisicamente, talvez ele pudesse continuar, mas não deixaria qualquer impacto na corrida. Então, eles pensaram: 'Vamos cortar o mal pela raiz, retirar o nosso líder do Tour e descobrir o que se passa antes de comprometer o resto da temporada.'”
As palavras do antigo sprinter ganham peso num contexto de forte especulação em torno do futuro de Evenepoel. Os rumores sobre uma possível mudança para a Red Bull - BORA - hansgrohe têm crescido nos bastidores e, segundo McEwen, esta poderá mesmo ter sido a última Volta a França do belga com a camisola da Soudal - Quick-Step. “O resto da época ainda está por disputar, e é preciso que ele comece a justificar o investimento. Não faz sentido continuar a insistir enquanto algo não está bem. Até porque, se os rumores forem verdade, pode nem haver uma próxima época com esta equipa.”
O abandono de Evenepoel marca um ponto de viragem numa temporada que começou com ambição de conquista da Camisola Amarela. A ausência de uma liderança experiente dentro da estrutura, aliada ao desgaste físico e psicológico, revelou-se fatal para o sonho francês do prodígio belga. E, quem sabe, poderá até precipitar um novo capítulo na sua carreira.
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