"Pogacar não corre para ser o mais amado. Ele corre para ganhar" Bernard Hinault completamente rendido ao esloveno

Ciclismo
segunda-feira, 21 julho 2025 a 6:00
bernard hinault
Assinalam-se hoje 40 anos desde a última vitória francesa na Volta a França. Em 1985, Bernard Hinault conquistava o seu quinto e último Tour, tornando-se uma lenda do ciclismo mundial. Quatro décadas depois, o “Bretão” continua à espera de ver um compatriota repetir o feito, algo que, admite, não acredita que venha a acontecer tão cedo. Ainda assim, Hinault não esconde a admiração pelo atual dominador da modalidade: Tadej Pogacar.
"Ele é o único que é semelhante a Eddy e a mim", afirmou Hinault à ES. "Ele ganha clássicas, Grandes Voltas, e ainda tem energia para competir no final da temporada e se tornar campeão do mundo. Ele é o mais completo e tem ambição".
O francês de 70 anos é um confesso admirador do estilo do ciclista esloveno e da sua forma de abordar as corridas. "Adoro o seu entusiasmo, que se reflete no seu estilo de corrida. Ele gosta de ganhar. Tem potencial para me ultrapassar a mim e ao Eddy Merckx. A rivalidade com Vingegaard pode dar-lhe ainda mais motivação".
Hinault acredita que a forma como Pogacar corre é um trunfo para o espetáculo. E se há quem critique o seu domínio, o pentacampeão é perentório: "É difícil encontrar um grupo de pessoas que considere o domínio de Pogacar opressivo. Ele não dá nada e não precisa de o fazer. Miguel Indurain era mais generoso, tinha uma atitude diferente, só lhe interessava a geral da Volta à França. Mas penso que o público prefere os concorrentes que dão sempre o seu melhor".
Apesar das diferenças entre gerações, Hinault encontra paralelos entre o ciclismo atual e a sua era. "Não se pode comparar épocas, mas o seu estilo de corrida mostra que o ciclismo atual não é muito diferente do nosso. Quando o vemos atacar nos Campeonatos do Mundo a 80 ou 90 quilómetros da meta, quando tira o auricular, confia apenas nas suas sensações, ataca quando vê o adversário em apuros, sem cálculos… faz-me lembrar os meus anos de ciclismo".
Para o francês, esse instinto competitivo é o que cativa o público. "O público gosta de ciclistas ofensivos, e ele é um deles. Ele não quer saber de entrar para a história como um vencedor ou do que o resto do pelotão pensa. Pogacar não corre para ser o mais amado. Ele corre para ganhar. Se lhe guardarem rancor, pode consolar-se dizendo que é o melhor. Não corre para ser apreciado pelos seus colegas. É assim que deve ser, isto é ciclismo".
E sobre a ideia de que o esloveno deveria “dar” vitórias aos outros? Hinault é claro: "Faz-me rir quando as pessoas dizem que ele não dá nada. Será que os outros dão coisas? Quem pode ganhar, ganha, como deve ser", rematou.
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