Afonso Eulálio viveu esta quarta-feira o momento mais marcante da sua estreia numa Grande Volta. O jovem ciclista português da Bahrain – Victorious foi protagonista na duríssima 17.ª etapa da
Volta a Itália 2025, ao isolar-se na subida ao icónico Passo Mortirolo, coroando-o em solitário perante uma multidão efusiva que o empurrou até ao topo.
“Acabou por ser uma subida bastante dura, no final levava pernas e, depois, toda aquela multidão a gritar… quase que não sentia a dor de pernas com tantas pessoas a gritar”, contou o figueirense de 23 anos, em declarações à agência Lusa.
Eulálio integrou a fuga do dia nos 155 quilómetros entre San Michele all’Adige e Bormio, numa jornada marcada pela dureza acumulada dos Alpes e pela presença de nomes sonantes como Romain Bardet. Mas na subida mais emblemática da Corsa Rosa, foi o português quem assumiu o protagonismo, atacando de longe e deixando para trás todos os companheiros de fuga.
“Acabei por fazer algo que nem devia ser preciso, que era atacar tão de longe. Estava um pouco longe da meta e o percurso depois da descida era muito favorável para trabalhar em conjunto e não para ir sozinho”, analisou, de forma crítica e lúcida.
Afonso Eulálio ao lado do grande derrotado da 16ª etapa, Juan Ayuso
Na longa e técnica descida do Mortirolo, acabou por ser alcançado por um primeiro grupo perseguidor e, mais tarde, pelos homens da geral, a cerca de 10 quilómetros da meta. Ainda assim, cruzou a linha de chegada na 10.ª posição, a 56 segundos do vencedor da etapa e líder da geral, Isaac Del Toro da UAE Team Emirates - XRG.
“A vitória seria perfeita, mas acabou por não dar. Os ciclistas da geral apanharam-me”, lamentou, sem perder o sorriso de quem realizou uma exibição de excelência.
No final da etapa, Eulálio subiu ao pódio como o rei do Mortirolo, um prémio simbólico para uma jornada inesquecível. Num Giro em que tem trabalhado incansavelmente para Antonio Tiberi, o português aproveitou a oportunidade concedida pela equipa para mostrar o seu valor na terceira semana da prova.
“Claro que está a correr muito bem. Tenho tido dias bons, tanto a ajudar a equipa e agora acabaram por me dar a oportunidade na última semana. Penso que tenho reagido bem a tudo o que me pedem. A equipa acabou por ter um ou outro dia mau com o Tiberi, que está arredado, mas temos o Damiano Caruso na luta”, explicou.
Único representante nacional na 108.ª edição da Volta a Itália, Afonso Eulálio subiu hoje ao 69.º lugar da geral e não esconde o desejo de voltar a tentar ir para uma fuga e quem sabe algo mais.
“Vamos ver como as pernas estão nos próximos dias e se a equipa me dá outra oportunidade, porque não depende só de mim”, concluiu com ambição.
Recorde abaixo o momento da passagem pelo Passo del Mortirolo de Afonso Eulálio