Estamos há mais de um mês na época baixa e mal podemos esperar pelo regresso da ação em 2025. Mas embora possamos não ter corridas na televisão neste momento, há muito trabalho a decorrer nos bastidores, à medida que as equipas e os ciclistas se preparam para o que será outra época desportiva.
Já vimos uma série de transferências de alto nível neste inverno, com as equipas a procurarem reforçar os seus plantéis e neste artigo vamos analisar alguns dos grandes nomes que trocaram de cores este inverno e quais as equipas que estão a ganhar e a perder a guerra das transferências até agora.
Julian Alaphilippe
Embora a relação de
Julian Alaphilippe com o patrão da equipa Soudal - Quick-Step, Patrick Lefevere, tenha parecido tensa ao longo das últimas épocas, esta mudança não deixou de ser uma surpresa. O ciclista de 32 anos fez toda a sua carreira profissional com a equipa e em 2025 vai juntar-se à Q36.5 Pro Cycling Team, uma equipa que só foi formada em 2023.
Desde a sua estreia em 2014, Alaphilipe tem sido um dos ciclistas mais excitantes do pelotão. Ele tem um palmarés que conta com vitórias nas três grandes voltas, na Milan-Sanremo e na Strade Bianche, sem mencionar seus títulos mundiais consecutivos em 2020 e 2021.
Mas um dos momentos altos da carreira de Alaphilipe terá sido a Volta a França de 2019 quando vestiu de amarelo. Durante a maior parte das três semanas, Alapahilipe fez com que os adeptos franceses sonhassem com um vencedor francês da Volta a França, algo por que anseiam há décadas. Embora não tenha tido o final desejado, a passagem de Alaphilipe pela amarela continua a representar um período mágico no ciclismo francês do século XXI.
Claro que, desde o seu segundo título mundial em 2021, as coisas não têm corrido bem para Alaphilipe. Talvez ele tenha escolhido o momento certo para escrever um novo capítulo na sua carreira e era agora ou nunca, já que aos 32 anos ele só terá alguns anos para recuperar a magia do seu auge. Para a Q36.5 Pro Cycling, esta é uma contratação de peso, que poderá ser um fator de mudança na sua luta para garantir os wildcards para as corridas do circuito mundial.
Diego Ulissi
A próxima grande transferência a ser analisada é a de Diego Ulissi, da UAE Team Emirates para a Astana Qazaqstan Team, uma equipa que fez várias contratações importantes este inverno na esperança de recuperar o seu estatuto no World Tour.
Ulissi é um ciclista forte, tendo ganho 8 etapas no Giro ao longo da sua longa carreira. É também o único ciclista italiano no ativo a ter ganho pelo menos uma corrida todos os anos, desde 2010. Mas aos 35 anos pode já ter ultrapassado a sua melhor fase e a Astana Qazaqstan espera que ele possa redescobrir a sua forma para os ajudar a salvar o seu atual declínio.
Demi Vollering
Talvez a maior contratação do inverno até agora seja no pelotão feminino, já que
FDJ - Suez garantiu os serviços de uma verdadeira super estrela:
Demi Vollering. A jovem de 28 anos venceu a Volta a França Feminina em 2023 e apesar de um acidente lhe ter custado a camisola amarela este ano, é sem dúvida a melhor ciclista de CG no pelotão feminino neste momento.
Deixando a Team SD Worx-Protime para se juntar à FDJ - Suez, Vollering junta-se à equipa com a clara ambição de recuperar a sua coroa da Volta a França. A ciclista deixa Lotte Kopecky na sua antiga equipa e junta-se a Juliette Labous, Elise Chabbey e Ally Wollaston na sua nova equipa.
Vollering foi alvo de algumas críticas pelo seu desempenho nos campeonatos do mundo em Zurique, em setembro, pouco depois da sua queda no Tour, que lhe tirou a camisola amarela. Talvez um novo capítulo seja o que a jovem de 28 anos precisa neste momento e, apesar da pequena falha registada em 2024, ela é uma das melhores ciclistas do pelotão feminino.
Simon Yates
Em 2025
Simon Yates junta-se a Jonas Vingegaard e à Team Visma | Lease a Bike para enfrentar o seu irmão Adam que está na UAE Team Emirates, liderada por Tadej Pogacar.
Trata-se de uma excelente contratação para a Visma, que ainda há dois anos tinha confortavelmente a melhor equipa da Volta a França, com Roglic, Vingegaard, Kuss e Wout van Aert a atacarem e a baterem Pogacar. Mas este ano, foi Vingegaard que ficou sozinho nas altas montanhas, com Tadej Pogacar e a sua super equipa a deixarem todos para trás. A entrada de Yates na equipa, ele que já tem uma Vuelta, poderá ser o que a Visma precisa para reforçar o apoio a Vingegaard nas montanhas.
Simon terminou em 4º lugar, logo atrás do seu irmão Adam, na Volta a França de 2023. Será emocionante assistirmos ás dinâmicas se desenrolarão entre os dois irmãos, cujos principais papéis serão de apoiar os seus líderes, mas não temos dúvidas de que eles também se tentarão bater um ao outro. Para a equipa Jayco AlUla foi uma enorme perda, mas rapidamente encontraram um substituto para Yates, que é o nosso próximo nome nesta lista.
Ben O'Connor
Ben O'Connor foi 4º no Giro, andou quase duas semanas em vermelho na Vuelta e acabou por terminar em segundo lugar na CG, e depois conquistou uma prata no Campeonato do Mundo de Zurique. Depois de um ano de 2023 difícil para o australiano, a sua reação foi incrível, pois este foi, sem dúvida, o melhor ano da sua carreira.
Então, porque é que ele vai sair da Decathlon AG2R La Mondiale Team?
A resposta provavelmente não é complicada, pois ele vai para a Team Jayco AlUla, que é uma equipa australiana. Isto significa que poderá passar mais tempo em casa, em comparação com os últimos anos, em que esteve a viver do outro lado do mundo, em França.
O'Connor provou finalmente em 2024, que tem potencial para ser um candidato à GC nas Grandes Voltas. Desde o seu quarto lugar no Tour de 2021, ele nunca foi capaz de corresponder às expectativas que nele se depositavam e teve dificuldades em gerir as suas emoções, o que foi claramente mostrado no documentário da Netflix Tour de France: Unchained. Este ano as coisas finalmente encaixaram-se no lugar certo para o ciclista de 28 anos e a Jayco garantiu um ciclista talentoso, que é igual, se não melhor, do que o extrovertido Simon Yates, nesta fase da sua carreira.
Victor Campenaerts
Victor Campenaerts vai regressar à Team Visma | Lease a Bike em 2025, depois de ter feito uma grande temporada, onde venceu pela primeira vez uma etapa na Volta à França. Conhecido pela sua perícia em provas de contrarrelógio, Campenaerts é perigoso na maioria dos terrenos e a sua experiência será um trunfo crucial para a equipa que deixou em 2017, quando esta estava no início da sua ascensão ao topo do ciclismo.
Tendo já passado algum tempo com a equipa no início da sua carreira, Campenaerts tem um profundo conhecimento da sua configuração e vontade de vencer. Espera-se que o especialista belga em contrarrelógios desempenhe um papel fundamental no apoio às ambições da Visma na próxima época, quer seja em Grandes Voltas ou em corridas de um dia. Com ciclistas como Jonas Vingegaard, Wout van Aert, Sepp Kuss e Simon Yates já no plantel, a adição de Campenaerts poderá aproximar a equipa da super equipa da UAE que vimos na Volta a França de 2024.
Anna van der Breggen
Num anúncio surpreendente feito durante o verão pela Team SD Worx-Protime confirmou que Anna van der Breggen regressaria ao ciclismo profissional em 2025. A ex-campeã mundial surpreendeu toda a gente com este anúncio.
O seu regresso vai injectar ainda mais poder numa já poderosa equipa SD Worx. O palmarés de Van der Breggen é lendário, incluindo múltiplas vitórias no Giro, o Ouro Olímpico e títulos mundiais, o que faz dela uma das ciclistas mais vitoriosas da história do ciclismo feminino. Resta saber se ela conseguirá acrescentar mais títulos ao seu palmarés, mas se ela voltar à sua antiga forma física, o pelotão feminino tornar-se-á ainda mais excitante.
O regresso de van der Breggen aos 35 anos, poderá redefinir o final da sua carreira, uma vez que ela procura provar que o tempo que esteve afastada das corridas não fez diminuir o seu implacável desejo de vencer. A SD Worx-Protime vai querer que van der Breggen se liberte rapidamente das "teias de aranha" para fazer frente à sua agora ex ciclista Demi Vollering nas lutas pelas classificações gerais das Grandes Voltas.