Alessandro Petacchi acredita na Soudal para a Volta a França 2025: "Mesmo sem o Landa, levam uma boa equipa"

Ciclismo
segunda-feira, 23 junho 2025 a 4:30
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Faltam menos de duas semanas para o arranque da Volta a França e Remco Evenepoel intensifica os treinos com o foco colocado na luta pela geral da Grande Boucle. Após o quarto lugar no Critérium du Dauphiné, o belga mostrou consistência mas continua distante do patamar de Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, os dois grandes favoritos. E com isso, a pressão cresce.
Entre as principais interrogações estará a estrutura da equipa. A Soudal–Quick-Step, tradicional potência nas clássicas, ainda não apresenta uma base sólida para apoiar o seu líder nas montanhas. No Dauphiné, Evenepoel foi várias vezes deixado sem apoio nos momentos decisivos. Mais preocupante ainda é a ausência confirmada de Mikel Landa, recrutado especificamente para o apoiar no Tour e que teve um papel crucial no ano passado, mas foi forçado a abandonar a Volta a Itália após uma queda e está em periodo de recuperação.
Apesar de tudo, há quem mantenha a confiança. O antigo sprinter, Alessandro Petacchi, acredita que Evenepoel poderá surpreender. “No ano passado também ficou aquém no Dauphiné e depois esteve bem”, recordou em declarações à Bici.Pro. “Este ano até perdeu menos tempo, está mais leve e concentrou toda a sua preparação no Tour, mesmo após o acidente que teve no inverno”.
Petacchi reconhece que o belga vai sofrer nas subidas longas, mas aponta o contrarrelógio de Caen como uma arma de peso. “Nas subidas, paga um preço ao Pogacar e ao Vingegaard, mas no contrarrelógio ele é o mais forte. E o de Caen está feito à sua medida”, afirmou.
De facto, o desempenho de Evenepoel no ‘crono’ do Dauphiné foi irrepreensível e valeu-lhe a vitória na etapa. Esse sucesso reforça a esperança: no ano passado venceu o contrarrelógio, terminou em sétimo na geral e acabaria por conquistar o terceiro lugar no Tour, com direito a vitória numa etapa e à camisola branca final. No entanto, o belga não corre para lugares no pódio, ele anseia vencer.
Landa caiu na Volta a Itália e é baixa de vulto para a Volta a França de 2025
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Para isso, terá de minimizar as perdas nas montanhas. “Ele está exposto, bem mais do que os outros dois”, admite Petacchi. “Mas pode correr à defesa. Se conseguir limitar as perdas nas etapas duras e estiver perto no final, poderá usar o contrarrelógio para se relançar. E se conseguir dar um pequeno passo extra nas subidas, pode aproximar-se ainda mais deles.”
No Tour do ano passado, Evenepoel foi frequentemente apanhado entre dois mundos: melhor do que a maioria nas montanhas, mas ainda longe de Pogacar e Vingegaard. Tudo aponta para que esse padrão se repita em julho.
Outro tema em debate é a composição da equipa. A inclusão de Tim Merlier, um dos sprinters mais fortes do pelotão, levanta dúvidas sobre a aposta total na luta pela classificação geral. Será possível gerir duplas ambições com eficácia?
Petacchi minimiza a questão. “O Merlier é uma boa opção, pode ajudar. Move-se bem no pelotão e até puxa quando é necessário. E quem é que podiam levar no lugar dele? Não há um trepador ao nível das outras equipas. De qualquer forma, com Pogacar e Vingegaard, mesmo com mais apoio, seria difícil iguala-los.”
Merlier será um dos grandes favoritos à camisola amarela do primeiro dia, numa etapa de abertura com final em Lille pensada para os sprinters. Mas a dúvida é se a Quick-Step conseguirá gerir duas frentes num Tour em que cada segundo conta.
Ilan Van Wilder continuará a ser um elemento chave no apoio nas montanhas. “Não nos podemos esquecer do Van Wilder”, sublinhou Petacchi. “Já tem experiência em Grandes Voltas e pode ser muito útil.”
Os rumores sobre uma possível mudança de Evenepoel para uma estrutura como a INEOS Grenadiers também voltaram a ganhar força. A equipa britânica teria um bloco de apoio mais robusto para as montanhas, com nomes como Arensman e De Plus.
Ainda assim, Petacchi não aponta o dedo à Soudal–Quick-Step. “Neste momento, esta é a equipa dele. Perderam o Landa, o que é uma baixa de peso. Mas isso ninguém pode controlar. Com Landa, Cattaneo e Van Wilder, mais dois ou três corredores para o plano, ficavam com uma equipa sólida. O problema deles foi mesmo o azar.”
“Reforço, com os nomes que têm, mesmo sem Landa, levam uma boa equipa. Estive lá e sei que estão a passar por uma transformação. Leva tempo. É como nas Clássicas, se não tens um Pedersen, um Van Aert ou um Van der Poel, não vais ganhar. Mas acabaram por apostar tudo no Remco. Ele serve tanto para as clássicas como para as Grandes Voltas. Com ele, estão a construir, passo a passo, algo novo.”
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