Análise - As cinco etapas que vão decidir o Tour 2026. Alpe d’Huez regressa em dose dupla

Ciclismo
sexta-feira, 24 outubro 2025 a 10:47
TadejPogacar_JonasVingegaard
A Volta a França 2026 promete um formato diferente, com um percurso mais compacto e seletivo, onde apenas um punhado de dias poderá provocar diferenças significativas entre os candidatos à classificação geral. De acordo com a organização, o Tour começará em Barcelona e manterá o foco na intensidade em vez da dispersão. Apenas cinco etapas, das 21, deverão definir o vencedor da Camisola Amarela, num desenho que reserva o clímax para o último fim de semana nos Alpes.
Ao contrário de edições recentes, os dias realmente decisivos não estão distribuídos ao longo das três semanas. Até à 13ª etapa, o percurso privilegia os sprinters e os atacantes, com o primeiro grande embate entre favoritos apenas a surgir nos Pirinéus, antes de uma segunda metade de corrida concentrada em alta montanha.

Etapa 6: Pau → Gavarnie-Gedré

Etapa 6
Etapa 6
Primeiro teste sério nos Pirinéus
Após o arranque em Barcelona e as primeiras chegadas explosivas em Montjuïc e Les Angles, o Tour entra em França para um fim de semana pirenaico que promete o primeiro confronto direto entre Pogacar e Vingegaard.
A 6ª etapa, de Pau a Gavarnie-Gedré, é um clássico de montanha com sabor histórico. A ascensão do Col d’Aspin prepara o terreno para o inevitável Col du Tourmalet, 17 km a 7% de média, com o topo a 2.115 metros de altitude.
O Tourmalet surge a 39 km da meta e será o primeiro verdadeiro teste de resistência e tática. A descida longa até Luz-Saint-Sauveur e a subida final curta em Gavarnie podem favorecer ataques à distância. Mesmo que não se vejam diferenças de minutos, esta é a etapa onde o Tour começará a ganhar forma.

Etapa 14: Mulhouse → Le Markstein

Etapa 14
Etapa 14
Os Vosges voltam a incendiar a corrida
O regresso à montanha acontece na 14ª etapa, um dia desenhado para rebentar o pelotão nos Vosges. O percurso é nervoso, repleto de pequenas armadilhas e subidas irregulares, terminando em Le Markstein, como em 2023.
O grande destaque é a subida final ao Col du Haag, 11 km com pendentes que ultrapassam os 10% em vários troços, apesar de uma média “enganadora” de 7,3%. Após uma semana de etapas planas, o regresso à montanha poderá provocar crises súbitas entre os candidatos à geral.
“É o tipo de subida que castiga quem perdeu o ritmo da montanha”, observou o ex-profissional Dan Martin.
Se o tempo se mantiver instável, como é habitual na região, poderemos assistir a um primeiro abalo psicológico entre os favoritos.

Etapa 15: Champagnole → Plateau de Solaison

Etapa 15
Etapa 15
Os Alpes abrem as portas do inferno
A 15ª etapa marca a entrada nos Alpes e é um prelúdio da dureza final. Com 4.500 metros de desnível acumulado, esta jornada apresenta o perfil típico de uma etapa da Volta a Espanha: estradas irregulares e subidas íngremes.
O Col de la Crosette (4,6 km a 11%) é um primeiro filtro, mas o duelo decisivo acontecerá na subida ao Plateau de Solaison (12 km a 9%), uma das montanhas mais duras de toda a edição.
Esta será a etapa de encerramento da segunda semana, e quem vacilar aqui poderá comprometer toda a luta pela geral antes do bloco alpino final.

Etapa 19: Gap → Alpe d’Huez

Etapa 19
Etapa 19
A tradição em vésperas da etapa rainha
O Alpe d’Huez regressa na 19ª etapa, e com ele o ambiente de festa que faz da montanha francesa um dos palcos mais emblemáticos do ciclismo mundial.
Apesar de o perfil ser mais curto e direto, esta etapa servirá de aquecimento emocional antes da jornada rainha. A subida mítica não deve alterar radicalmente a classificação, mas poderá consolidar o domínio de quem estiver em forma.
“Será um dia para os adeptos, um espetáculo puro de ciclismo”, resumiu um membro da organização.

Etapa 20: Le Bourg-d’Oisans → Alpe d’Huez

Etapa 20
Etapa 20
A etapa rainha que fecha o Tour em alta montanha
A 20ª etapa é unanimemente considerada a etapa rainha da Volta a França 2026. São 171 quilómetros brutais, com encadeamentos de montanhas míticas e altitudes superiores aos 2.600 metros.
Logo na partida surge o Col de la Croix de Fer, seguido da dupla lendária Télégraphe–Galibier, um conjunto de subidas que totaliza mais de 30 km acima dos 7% de inclinação média. O topo do Galibier (a 2.642 metros) surge a 61 km do fim, suficiente para abrir diferenças abismais.
Depois, a corrida mergulha na descida longa de Lautaret e enfrenta o Col de Sarenne (12,8 km a 7,3%), antes de um regresso parcial ao Alpe d’Huez para uma meta digna de uma consagração.
Esta etapa junta resistência, altitude, tradição e imprevisibilidade, e é provável que decida o vencedor final.
“É assim que se desenha uma etapa rainha: dureza até ao fim e esperança para todos”, escreveria um cronista experiente.

O veredito

O percurso da Volta a França 2026 aposta menos na variedade e mais na intensidade. Os contrarrelógios terão um papel secundário, e as grandes diferenças deverão surgir apenas em cinco dias-chave: Pau, Le Markstein, Solaison e o duplo Alpe d’Huez.
A luta entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard promete continuar a ser o eixo da corrida, com poucas oportunidades para terceiros interferirem. O Tour de 2026 será, acima de tudo, uma batalha de gestão, paciência e explosão, concentrada num punhado de dias que decidirão tudo.
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