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Volta a França de 2025 é a maior e mais mediática corrida da época e é o ponto alto da época velocipédica e todos os anos proporciona-nos etapas memoráveis.
No dia da Bastilha temos uma etapa com 4400 metros de acumulado, com sete subidas categorizadas e uma constante montanha-russa. Um dia para os ciclistas das clássicas (se uma fuga for bem sucedida), mas provavelmente também uma luta pela classificação geral. Muito poderá acontecer neste dia, pois o percurso é armadilhado. Mesmo que os ciclistas da geral consigam passar as dificuldades, os últimos 3,3 quilómetros têm uma média de 8% e deverão ver os candidatos à vitória na geral rebentarem com a corrida.
Este tem tudo para ser um dia caótico, mas, com ciclistas tão fortes na lista de partida, a luta pela Camisola Amarela provavelmente não sofrerá alterações significativas, a menos que alguns dos favoritos consigam isolar-se na frente. O percurso está repleto de subidas, nenhuma delas particularmente longa ou exigente, mas o desgaste vai-se acumulando gradualmente ao longo das horas até à subida final.
A penúltima subida do dia tem cerca de 5 quilómetros a pouco mais de 6% de inclinação média e termina a 10 quilómetros da meta. É uma subida exigente e a luta pelo posicionamento no topo será certamente intensa, já que a descida seguinte é técnica e leva os ciclistas directamente para o inicio da ascensão final. A última subida não é explosiva, desenvolve-se num vale em linha reta, mas os 3,3 quilómetros a 8% podem provocar diferenças se houver ataques desde o inicio - e é bastante provável que isso aconteça.
O Tempo
Temperaturas muito mais baixas, mas o vento continuará a soprar, vindo de oeste com intensidade moderada. Os ciclistas apanharão vento de frente na maioria das subidas. Na subida final, se o vento se fizer sentir, será vento lateral.
Os Favoritos
Visma – A grande incógnita do dia é perceber como irá a Visma correr. Em breve entramos na alta montanha, onde a equipa deixará de poder usar Matteo Jorgenson para pressionar Pogacar, o que torna esta etapa uma oportunidade crucial. Na sexta etapa, a equipa holandesa venceu um confronto directo ao conseguir colocar homens na fuga e alimentar o caos que a UAe procurava controlar. Amanhã é provável que tentem repetir a fórmula, colocando vários ciclistas na frente, como Van Aert ou Benoot. Devem também procurar explorar Jorgenson do ponto de vista táctico, pois este é um terreno que lhe assenta bem e a equipa pode beneficiar de um grupo forte na frente da corrida para abrir uma vantagem significativa em relação ao pelotão.
Jonas Vingegaard deverá permanecer no pelotão com a missão clara de seguir Pogacar na subida final, enquanto o restante da equipa tentará criar dificuldades a uma UAE fragilizada pela perda de João Almeida. A Visma precisa de aproveitar todas as oportunidades enquanto ainda pode e poderá tirar partido do terreno ondulante, bem como da presença de muitos ciclistas ofensivos que procurarão integrar a fuga do dia, para formar alianças circunstanciais que desestabilizem o controlo da corrida.
Tadej Pogacar - A UAE Team Emirates - XRG, por seu lado, terá de manter coesão na primeira hora de corrida e garantir que os seus homens permanecem com Pogacar. Estão conscientes de que a Visma vai atacar, mas desde que consigam impedir Matteo Jorgenson de integrar a fuga, terão condições para controlar a corrida ao seu ritmo. A equipa dos Emirados não está habituada a passar longos períodos a liderar o pelotão, o que tornará o dia exigente, mas ainda assim controlável. Se conseguirem levar Pogacar em segurança até à subida final, o que é algo perfeitamente plausível, poderão até ganhar tempo aos rivais.
Luta pela classificação geral – Os restantes candidatos à geral tentarão limitar perdas num dia duro, após uma semana exigente de competição e naquele que marca o primeiro verdadeiro teste com subidas sérias (ainda que não se trate de alta montanha). É plausível que ciclistas como
Ben Healy, Aurélien Paret-Peintre ou
Guillaume Martin procurem integrar a fuga, tanto para subir posições na geral como, no caso do irlandês, até sonhar com a Camisola Amarela. Para além destes perfis ofensivos, a maioria dos homens da geral deverá resguardar-se nas rodas da Visma e da UAE, aguardando pela subida final para medir forças entre si.
Se não houver grande acção entre Pogacar e Vingegaard na subida final, não seria surpreendente ver alguém como Florian Lipowitz ou Felix Gall na dianteira. Ambos têm-se mostrado incrivelmente fortes até agora e as suas posições actuais na geral, 8.º e 14.º, não reflectem de forma alguma o real potencial que têm vindo a demonstrar neste Tour. Remco Evenepoel, Kévin Vauquelin e Oscar Onley serão ciclistas que estão satisfeitos com as suas posições actuais, Primoz Roglic dificilmente estará a rodar com os melhores neste momento, mas Mattias Skjelmose, Tobias Johannessen e Enric Mas também são capazes de estar na ultima subida com os melhores até ao fim.
Fuga do dia – Este é um terreno para trepadores, mesmo sem estarmos propriamente em alta montanha. Independentemente do desenrolar da corrida, para que um grupo consiga vingar na frente até à meta, será necessário ter ciclistas com grande resistência e capacidades de escalada, pois os últimos quilómetros surgirão num momento de elevado desgaste. A subida final não é explosiva, mas exigirá pernas frescas e perfil de trepador para resistir à selecção natural que se fará nessa fase.
Romain Grégoire, Ben O'Connor, Neilson Powless, Valentin Madouas, Steff Cras, Alex Baudin, Quinn Simmons, Michael Storer, Alexey Lutsenko, Lenny Martínez e Harold Tejada são alguns dos ciclistas que poderão ter hipóteses de vencer a jornada.
Previsão da 10ª etapa da Volta a França 2025
*** Tadej Pogacar, Ben Healy
** Jonas Vingegaard, Romain Grégoire, Neilson Powless, Michael Storer
* Matteo Jorgenson, Remco Evenepoel, Kévin Vauquelin, Oscar Onley, Florian Lipowitz, Mattias Skjelmose, Felix Gall, Enric Mas, Aurélien Paret-Peintre, Alex Baudin, Lenny Martínez, Quinn Simmons, Alexey Lutsenko
Escolha: Ben Healy
Como: Vitória da fuga.
Original: Rúben Silva