Antigo ciclista da Visma sobre Van Aert: "Na Flandres, gostamos de enaltecer os nossos heróis, mas também somos rápidos a destruí-los quando algo corre mal"

Depois do desapontante desfecho na Dwars door Vlaanderen, Wout van Aert não fugiu às responsabilidades. O líder da Visma | Lease a Bike admitiu ter cometido um erro de julgamento, confessando que foi egoísta e pensou em demasia em si próprio. No entanto, a decisão estratégica de esperar pelo belga partiu do carro da equipa, revelando uma escolha coletiva que agora está sob escrutínio.

Nathan Van Hooydonck, antigo colega de Van Aert e figura próxima, abordou o tema no podcast De Rode Lantaarn e mostrou-se compreensivo, recordando a complexidade do momento.

Leia também

Chris Froome denuncia condutora por assédio a ciclistas em Menton, França

“Não fiquei descansado, porque não sabia o que o Wout tinha dito na rádio”, explicou Van Hooydonck. “Mas, tal como todos, pensei que ele iria disputar o sprint. Preferimos muitas vezes isolar-nos para termos a certeza. Sempre abordámos as corridas dessa forma. E ele próprio disse que é esse o estilo da equipa. Teve impacto no grupo, mas também nele. E não é esse o Wout que conheço".

Van Hooydonck foi mais longe e associou o episódio à pressão exercida pelos meios de comunicação sobre Van Aert:

“A imprensa tem um enorme impacto. O Wout é humano e estas críticas deixam marcas. Por vezes, deve ser realmente difícil ser o Wout van Aert. Aqui na Flandres, gostamos de enaltecer os nossos heróis, mas também somos rápidos a destruí-los quando algo corre mal. Nem sempre é justo. A crítica é legítima, mas há que pensar no efeito que pode ter sobre quem está do outro lado".

O belga também compreende a decisão da equipa em confiar no seu líder, apesar do resultado.

“Talvez a equipa devesse ter tomado outra decisão, mas tendo em conta o que ele passou no último ano… Todos queriam vê-lo ter sucesso — colegas incluídos. Se eu estivesse naquele grupo da frente, nem teria questionado. Ele é um verdadeiro líder. Tudo o que dissesse, eu faria, porque confiava plenamente nele".

De olhos postos na Volta à Flandres

Depois da tempestade, Van Aert procurou um momento de pausa - e reconexão - com um café flat white e um brownie, na tentativa de virar a página e preparar-se para a Volta à Flandres.

“Há muitas coisas positivas em que nos podemos apoiar enquanto equipa. É verdade que cometemos erros no final, mas também controlámos a corrida. Só o tínhamos feito no Paris-Nice, na etapa dos abanicos. A partir de quinta-feira, temos de voltar a correr com esse espírito".

A confiança permanece, mas os olhos estão agora postos no domingo, onde a redenção pode surgir — e onde Van Aert terá nova oportunidade de mostrar o porquê de continuar a ser um dos nomes mais respeitados do pelotão mundial.

Leia também

João Almeida entusiasmado para a estreia na Volta ao País Basco: “Não é o percurso ideal para mim, mas darei tudo o que tenho”

Chuva intensa obriga ao cancelamento da etapa 3 da Volta à Grécia - pelotão procura abrigo em lavagens de carros e cafés