"As diferenças podem ser maiores que num contrarrelógio individual" - Juan Ayuso alerta para o perigo do contrarrelógio por equipas da Vuelta

Juan Ayuso não estava previsto no alinhamento da UAE Team Emirates - XRG para a Volta a Espanha 2025. O plano inicial era disputar apenas a Volta a Itália como Grande Volta do ano, mas a decisão de Tadej Pogacar em abdicar da corrida espanhola levou a equipa a chamar o jovem valenciano para dividir a liderança com João Almeida.

O calendário de Ayuso estava apontado para o final da temporada, com destaque para o Campeonato da Europa e o Mundial de Estrada, ao serviço da seleção espanhola de Alejandro Valverde. Sem preparação específica para a Vuelta, o espanhol reconheceu que chegou a Turim em sub-rendimento, mas garante estar a ganhar ritmo à medida que se aproximam os primeiros grandes testes: o contrarrelógio coletivo de quarta-feira, em Figueras, e a primeira chegada em alto, em Andorra, no dia seguinte.

“Temos de voar, vai ser um dia muito longo”, comentou Ayuso à comunicação social espanhola, referindo-se à transferência aérea que o pelotão teve de realizar após a 3.ª etapa para chegar a tempo do contrarrelógio.

A UAE parte como penúltima equipa (16h57), apenas quatro minutos antes da Visma | Lease a Bike de Jonas Vingegaard. Questionado sobre os 24 quilómetros do percurso em Figueras, Ayuso manteve-se prudente: “Se correr bem, sim. Se não correr, não. Pode ser uma corrida muito perigosa que pode gerar diferenças maiores do que num contrarrelógio individual.”

O discurso cauteloso reflete a consciência de que a especialidade pode marcar de imediato a classificação geral, sobretudo numa corrida que se antecipa de loucos desde o arranque.

O novo líder é David Gaudu, que arrebatou a camisola vermelha no sprint final, relegando Vingegaard. Ayuso desvalorizou a troca:

“Não faz muita diferença o facto de o Gaudu ter roubado a vermelha.”

Após três dias de competição, Ayuso ocupa o 10.º lugar da geral, a 16 segundos de Gaudu e Vingegaard, a 8 segundos de Giulio Ciccone e a apenas 2 segundos de Egan Bernal. O espanhol está em igualdade de tempo com João Almeida e outros candidatos, como Jai Hindley, Santiago Buitrago, Ben O’Connor, Mikel Landa ou Tom Pidcock.

O verdadeiro teste chega agora: com um contrarrelógio que pode redesenhar o panorama entre as equipas e a montanha de Andorra a espreitar, Ayuso terá de mostrar se está em condições de lutar de igual para igual com os melhores.