"Parece que trocou de cérebro com o Pogacar" Bruyneel e Martin surpreendidos com as táticas de Vingegaard na 3ª etapa e com dúvidas sobre João Almeida e Ayuso

Ciclismo
terça-feira, 26 agosto 2025 a 8:30
TadejPogacar_JonasVingegaard
A 3ª etapa da Volta a Espanha 2025 terminou ao sprint numa chegada em ligeira subida, marcada pela vitória inesperada de David Gaudu. O francês da Groupama-FDJ aproveitou o momento certo para bater os favoritos, enquanto Jonas Vingegaard, terceiro na meta, assumiu a liderança da camisola verde, juntando-a à vermelha. No podcast The Move, Johan Bruyneel e Spencer Martin analisaram os episódios-chave do dia e levantaram questões sobre a estratégia do dinamarquês da Team Visma | Lease a Bike.

Vingegaard surpreende ao disputar sprint intermédio

Spencer Martin foi o primeiro a destacar a atitude pouco habitual de Vingegaard, que correu atrás de pontos a meio da etapa. "Não é nada de mais, mas combinado com o sprint intermédio, levanta dúvidas. Se fosse o Tadej Pogacar, estaria a ser crucificado por desperdiçar energia. O que é que ele está a fazer?", questionou o analista.
Martin lembrou que muitos candidatos à classificação geral optaram por resguardar-se, deixando o dinamarquês como um dos poucos a investir energia em esforços explosivos tão cedo na corrida. "Os rivais dos Emirados estavam muito mais atrás, o Almeida em 28º e o Ayuso em 35º. A maior parte dos homens da geral não está a gastar cartuchos assim. Então, porque é que o Jonas e a Visma estão a fazer isto?"

Bruyneel: "Não percebi aquele sprint"

Johan Bruyneel partilhou da surpresa do colega: "Fiquei surpreendido por o ver sprintar para aquele sprint intermédio. Não percebi o que foi aquilo, porque não sei se pensou que havia segundos de bónus".
Daí nasceu uma hipótese simples, mas intrigante: será que Vingegaard está a tentar acumular pontos com vista à camisola verde? Pouco habitual para um homem da geral, mas não impossível, sobretudo numa corrida como a Vuelta, onde os sprinters puros têm menos oportunidades.
“A única outra explicação é que ele já está a pensar na classificação por pontos. Não é impossível na Vuelta que um trepador leve a verde para Madrid”, acrescentou Bruyneel.

Um sinal da confiança do dinamarquês

Mesmo que a decisão não tenha sido necessária do ponto de vista tático, para Martin há uma leitura clara: "Isto mostra que o Jonas está a sentir-se muito bem. Tem umas pernas óptimas, sente-se confortável na bicicleta e quer aproveitar isso".
A análise foi além da tática em si, sublinhando a mudança de perfil do dinamarquês. "O Jonas sempre foi muito contido e conservador, foi assim que construiu o sucesso. Agora parece que trocou de cérebro com o Pogacar de 2022, a correr para tudo. É curioso vê-lo assim, mas também estranho. Se ele sabe que é o melhor trepador, porque investir energia nestes sprints? Faz pensar que está mesmo a mirar a camisola verde, o que seria uma ambição extra".

Ayuso e Almeida longe das primeiras posições

Os comentadores também apontaram as atenções para a UAE Team Emirates - XRG, que voltou a deixar sinais contraditórios. Juan Ayuso e João Almeida terminaram a etapa mais atrás do esperado, algo que Bruyneel considera arriscado.
"Na minha opinião, estavam demasiado atrás. Deviam estar no top 10 ou 15, porque era uma chegada em subida e mais dura do que parecia. Quando se corre tão atrás, corre-se o risco de alguém abrir um espaço e perder segundos preciosos sem dar por isso".
Spencer Martin reforçou a crítica à postura da equipa: "Quando o Pogacar não está presente, parece que os Emirates ficam sem rumo. Estão sempre mal posicionados e as coisas correm-lhes mal".

Falta de forma ou simples precaução?

Ainda assim, Bruyneel admitiu que a diferença pode refletir apenas a condição física ainda por afinar dos dois líderes da UAE. "Normalmente, um grande Almeida estaria na frente com os melhores. Aqui ficou a dez lugares de distância, o que mostra que está a 1 ou 2% do seu melhor. É pouco, mas suficiente para não estar ali com os primeiros. Ainda assim, são três semanas e muita coisa pode acontecer".
O belga sublinhou que a corrida ainda vai longa e que tanto Ayuso como Almeida podem recuperar gradualmente a forma. "Talvez tenham chegado um pouco verdes, sem estarem no pico. Isso nota-se, mas pode ser apenas temporário".
No balanço, a etapa trouxe mais do que a vitória de Gaudu. Vingegaard mostrou agressividade inesperada, levantando a hipótese de disputar simultaneamente a geral e a camisola verde. Gaudu aproveitou o momento para um triunfo moralizador. E, do outro lado, os líderes da UAE deixaram uma primeira bandeira vermelha sobre a sua preparação.
"Jonas está em excelente forma, isso é evidente. O resto vai-se ver. Mas a ordem hierárquica da corrida começa a ficar mais clara", concluiu Bruyneel.
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