Concluímos o capítulo
Volta a Itália com uma análise quantitativa de cada equipa presente no Giro, vou atribuir uma classificação entre 1 e 20 e todos poderão deixar a sua opinião nos comentários deste artigo nas redes sociais.
Alpecin Deceunick - 12
O objetivo era ganhar etapas, isso foi conseguido, com Kaden Groves a ganhar uma jornada ao sprint, na chegada a Nápoles. Além disso, acumularam 4 pódios e 7 top 10, uma prestação suficiente.
Arkéa B&B Hotels - 6
Tinha dito antes do Giro que não era de esperar muito deste alinhamento. Claramente, o grande destaque foi o 2º lugar de Alessandro Verre na decisiva 20ª etapa, Mozzato fez apenas um top 10 e isso reflete bem que esta corrida não era claramente uma aposta da equipa francesa.
Bahrain-Victorious - 11
Uma das equipas com avaliação mais difícil, não ganham nenhuma etapa, mas conseguiram 1 pódio e 19 top 10, terminando no top 10 da geral com o veterano Damiano Caruso, que soube aproveitar a quebra de Tiberi para assumir a liderança. Afonso Eulálio foi outro dos grandes destaques, sempre no apoio ao líder e terminando no 10º lugar na 17ª etapa, onde foi o primeiro a dobrar o Mortirolo. Houve atitude e certamente esta forma de correr será recompensada no Tour e na Vuelta.
Cofidis - 7
Esperava uma vitória de Milan Fretin, confesso. Esteve perto de o conseguir em Nápoles, onde foi 2º, mas esse foi o único dia onde esteve realmente na discussão. Oldani ainda conseguiu 2 top 10, mas os trepadores e os punchers como Moniquet e Lastra desiludiram. Esta prestação empurrou a Cofidis para fora do top 18 do ranking, veremos qual será a estratégia para as próximas corridas.
Decathlon AG2R La Mondiale - 13
A Decathlon tem sempre uma história de amor com a Volta a Itália. Este ano, voltaram a picar o ponto, com uma grande vitória a solo de Nicola Prodhomme na 19ª etapa, o francês foi mesmo a figura da equipa, andou em mais um par de fugas e terminou num honroso 15º lugar na geral final. Sam Bennett foi a grande desilusão, apenas um top 10 ao sprint, Vendrame e Godon tentaram muito, mas pareciam estar algo limitados.
EF Education EasyPost - 18
Seria difícil pedir mais à equipa americana. Um bloco extremamente unido em torno de Carapaz, com o equatoriano a recompensar com um 3º lugar na geral final. O objetivo era ganhar a corrida, mas um pódio é, sem dúvida, um grande resultado. Cepeda, Steinhauser, Rafferty impuseram um ritmo fortíssimo na alta montanha, mas faltou um grande gregário, pois Carapaz nunca chegou aos finais acompanhado, ainda assim fizeram o que podiam. Fica também a vitória inteligente de Kasper Asgreen, que aliada à de Carapaz na 11ª etapa, deu 2 triunfos que tornam este Giro muito positivo.
Groupama-FDJ - 4
Alguém viu a Groupama? David Gaudu foi uma nulidade, cedo ficou afastado na geral, não conseguiu ser competitivo nas fugas, um verdadeiro desastre. Pacher pouco se viu também e Rochas foi o melhor elemento, com 2 top 10 em etapas de montanha, será certamente uma prestação a melhorar na Volta a França.
INEOS Grenadiers - 14
Não tanto pelos resultados, que foram razoavelmente bons, com 1 vitória de etapa com Tarling, 4 pódios, 13 top 10 e um 7º lugar na geral final, mas muito pelo que se propuseram a fazer. Atacaram em quase todas as etapas de montanha, recuperaram Bernal nas grandes voltas, mas pareceu faltar profundidade ao bloco na montanha, Arensman desiludiu-me, mas estou a gostar muito desta nova INEOS e cuidado com eles no Tour!
Intermarché-Wanty - 3
Foi mesmo a pior equipa desta Volta a Itália. Tinha dito na antevisão que era importante fazer desta corrida um ponto de viragem da temporada, mas não o foi, foi uma continuação da mediocridade que vinham apresentando. O único resultado dentro do top 10 foi Busatto, logo na etapa inaugural, Thijssen nem se viu, Meijntes idem, um Giro fraquíssimo!
Israel - Premier Tech - 12
Não ganharam nenhuma etapa, mas tinham a máquina bem oleada em torno de Derek Gee, que retribuiu com um excelente 4º lugar na geral final, o seu melhor resultado numa grande volta. O canadiano foi o melhor elemento da equipa em 15 das 21 etapas e isso mostra como os colegas davam tudo por ele e depois desligavam-se. Frigo foi o homem de confiança de Gee, teve liberdade em apenas uma ocasião e terminou no top 10 dessa etapa. Strong fez um 2º lugar, mas esperava mais presenças no top 10.
Lidl-Trek - 20
Se não dou nota máxima a uma equipa que ganha 6 etapas e conquista uma classificação secundária, então não posso dar a nenhuma outra. Mads Pedersen esteve irrepreensível, com 4 vitórias de etapa e a maglia ciclamino, liderando do 1º ao último dia. Além disso, quando foi necessário, sacrificou-se pelos seus colegas de equipa, que entregaram mais 2 vitórias: uma com Daan Hoole e a outra com Carlos Verona. A única pecha foi o abandono de Giulio Ciccone, quando estava na 7ª posição da geral. Não sabemos onde terminaria, mas na forma em que estava, muito provavelmente ia fechar no top 10. Vacek também tentou muito a vitória, mas não foi feliz, os restantes elementos estiveram bem no apoio aos líderes.
Movistar Team - 11
É uma prestação positiva. Pelo 2º ano consecutivo, Rubio termina no top 10 do Giro, desta vez poucos esperavam, já que estava a fazer uma temporada muito discreta, discreto foi Nairo Quintana, não teve qualquer protagonismo durante a corrida. Orluis Aular foi o grande destaque, com 2 pódios e 6 top 10 acumulados, merecia claramente uma vitória. Também gostei de ver Milesi, sempre muito combativo nas fugas.
Q36.5 Pro Cycling Team - 8
A expectativa em Tom Pidcock era elevada, mas o britânico pareceu acusar a pressão, até com tentativas desesperadas de pôr a equipa a trabalhar quando não teria a mínima hipótese de lutar pela vitória. Conseguiu 4 top 10, Moschetti juntou-se mais 3, incluindo um 3º lugar na etapa final, não é um Giro positivo, mas há algumas boas notas a retirar.
Red Bull - BORA-Hansgrohe - 14
Tenho que dizer que é uma das equipas mais complicadas de avaliar.
Primoz Roglic chegava como grande favorito a vencer o Giro, mas cedo mostrou que não tinha pernas e as quedas também lhe dificultaram a vida, obrigando-o a abandonar. Perante isto, emergiu Giulio Pellizzari, que foi quem esteve ao lado de Roglic antes do abandono, brilhou na 3ª semana e terminou num fantástico 6º lugar na geral final, o seu primeiro top 10 numa grande volta, este miúdo tem futuro! Nico Denz picou o ponto com uma vitória em fuga na 3ª semana e juntamente com o italiano fez subir a avaliação da formação alemã. Hindley abandonou cedo, quem sabe se estará no Tour, Martínez voltou a comprovar a sua irregularidade, fez um Giro para esquecer.
Soudal - Quick-Step - 9
Ficaram descalços logo ao primeiro dia com o abandono de Mikel Landa, Magnier não conseguiu fazer bons resultados nos sprints e valeu Gianmarco Garofoli, com 2 top 10 e um 11º lugar em fugas, a mostrar a equipa. Cattaneo também foi muito combativo e só dou uma nota próxima da positiva pela atitude da equipa, perante a adversidade da perda do líder, lutaram sempre para saírem de cara limpa.
Team Jayco AlUla - 15
Acaba por ser um Giro acima das expectativas para a equipa australiana. Sem um líder forte para a geral, tentaram sempre as fugas e foram premiados com 2 vitórias de etapa, uma com Luke Plapp e a outra com Chris Harper, a mais espetacular, em Sestrière. O australiano foi também o melhor colocado na geral, em 23º. Zana e de Pretto também tentaram muito, mas saem de mãos a abanar. Bouwman nem se viu.
Team Picnic PostNL - 14
Uma resposta importante na luta pelos pontos. Ganharam logo à 4ª etapa, com Casper Van Uden, ele que também conseguiu um 2º lugar na etapa 12. Bardet muito tentou, mas despede-se das grandes voltas sem glória. Max Poole confirmou finalmente o seu potencial para as gerais, ficou às portas do top 10, em 11º, subindo lugares na 3ª semana. Os pontos somados aqui permitiram à equipa voltar aos lugares de manutenção no ranking UCI.
Team Polti VisitMalta - 9
Mesmo tendo em conta que é uma equipa do 2º escalão, com menos recursos, considero que é uma prestação negativa da Polti. Lonardi e Maestri estiveram bem em etapas planas e de média montanha, com alguns top 10, Piganzoli focou-se na geral e terminou em 14º, um lugar pior que em 2024. Os restantes elementos tentaram algumas fugas, mas estiveram, na generalidade, discretos.
Team Visma | Lease a Bike - 20
E a Visma está de regresso aos grandes momentos! 3 vitórias de etapa, duas com Olav Kooij e uma com Van Aert, e a vitória na geral da Volta a Itália, com
Simon Yates! Sempre a correr em bloco, apoiaram Yates até onde puderam e o britânico fez o resto, subindo de forma sorrateira na geral. De destacar a tática perfeita na 20ª etapa, com o ataque de Yates e a ajuda de Van Aert na descida do Colle delle Finestre,
que deu a vitória na geral. Nos sprints, muito boa articulação entre Van Aert e Kooij. Sai daqui também um aviso para o Tour, Van Aert está de regresso e Yates poderá ser a chave para Jonas Vingegaard.
Tudor Pro Cycling Team - 12
Para uma equipa de 2º escalão, fazer top 10 numa grande volta é excelente, ainda para mais pela 2ª temporada consecutiva. Depois da vitória dominante na Volta aos Alpes, esperava-se que Storer pudesse terminar mais acima, mas o 10º posto é positivo, há que destacar também Stork e Zijlaard, que entregaram 2 pódios em etapas. Apesar de ter faltado a vitória, a atitude foi excelente.
UAE Team Emirates-XRG - 15
Esta pode ser uma das avaliações mais polémicas, mas primeiro vamos aos números: 2 vitórias de etapa, 10 pódios, 26 top 10, vitória na juventude, 2º e 9º lugar na geral final, numa análise fria são números fantásticos, mas se olharmos para a prestação da UAE enquanto equipa, temos que pensar de maneira diferente. A equipa foi pouco unida, nas montanhas, apenas Majka esteve 100% compenetrado com o trabalho, McNulty quis defender o seu lugar no top 10, Yates andava sempre atrás e Ayuso voltou a ser um foco de instabilidade. Valeu Del Toro, com um excelente 2º lugar na geral, após vários dias de rosa, a salvar, de certo modo, a equipa de Matxin.
VF Group – Bardiani CSF – Faizanè - 10
Diria que é uma prestação positiva, acabam com 10 top 10 em etapas, com Marcellusi e Fiorelli em destaque, muita combatividade e muitos quilómetros em fuga, ficam boas notas.
XDS Astana Team - 17
Se muitos duvidavam que a Astana desse continuidade à grande temporada no Giro, eu não fui um deles. Tinha perspetivado uma vitória de etapa, na montanha e um top 10 na geral com Fortunato, só errei nesta última previsão, porque o italiano focou-se na camisola da montanha e dominou esta classificação de uma maneira que eu nunca tinha visto. A juntar a isto, uma vitória de etapa de Christian Scaroni, abraçado a Fortunato, totalizando-se 6 pódios e 15 top 10, poderiam perfeitamente ter ganho mais uma ou outra etapa...