A 11ª etapa da
Volta a Espanha 2025 ficará para a história como uma das mais caóticas dos últimos anos. Apesar de não ter existido vencedor oficial,
Tom Pidcock brilhou no Alto de Pike ao conseguir fazer sentar por duas vezes
Jonas Vingegaard, algo que poucos ciclistas no mundo têm feito. A neutralização final, motivada pelos protestos pró-palestinianos junto à meta em Bilbao, frustrou as ambições do britânico e do dinamarquês, mas não impediu mexidas na classificação geral.
No podcast The Move, Spencer Martin e
Johan Bruyneel analisaram o dia. “Quando Pidcock atacou no Pike, fez algo que só Pogacar tinha conseguido: deixar Vingegaard para trás”, explicou Martin. “Ele acabou por recolar na descida, mas nunca saberemos quem teria vencido a etapa. Eu apostaria no Pidcock, que estava visivelmente triste na entrevista. Para ele e para a Q36.5, foi um duro golpe.”
Bruyneel reforçou essa leitura e destacou o impacto do britânico na luta pelo pódio: “Para mim, o acontecimento do dia foi a força de Pidcock. Ele acelerou e conseguiu largar o Vingegaard duas vezes num quilómetro. Isso não acontece todos os dias. Pogacar já o fez, mas poucos mais. Este desempenho dá-lhe uma enorme confiança e torna-se muito realista pensar que ele pode estar no pódio em Madrid.”
Embora a etapa tenha sido neutralizada a 3 km do fim, os ataques deixaram marcas. Vingegaard sofreu para responder e admitiu não estar nos seus melhores números, enquanto Martin salientou que Pidcock “está no peso ideal e a fazer as melhores médias de potência da carreira”.
Ambos ganharam tempo a João Almeida, que perdeu 10 segundos. Ainda assim, com as altas montanhas pela frente, paira a dúvida se o britânico conseguirá manter este nível frente a trepadores mais puros.
Tom Pidcock passa por um bloqueio de estrada no Alto del Vivero.
Protestos continuam a marcar a corrida
O episódio em Bilbao reforçou o ambiente de tensão que tem rodeado a prova. Manifestantes tentaram invadir a recta da meta e empurraram as barreiras, obrigando a organização a interromper a etapa. Bruyneel considerou inevitável a decisão: “O protesto e o facto de não ter havido resultados na etapa foram um pouco chatos. Tornou-se demasiado arriscado, foi a escolha certa. Mas temo que isto não vá parar, porque os protestos já conseguiram condicionar a corrida.”
Martin foi ainda mais longe, alertando para o perigo crescente: “Ontem vimos um manifestante no meio do pelotão a 65 km/h e houve uma queda. Isto não é sustentável. Mais cedo ou mais tarde, pode afectar diretamente a luta pela camisola vermelha.”
Ambos criticaram a passividade da UCI e recordaram que mesmo a eventual saída da Israel - Premier Tech não resolveria a situação: “Os protestos não vão desaparecer. Estão a tornar-se parte do enredo desta Volta.”