Chris Horner critica a Emirates: "Falharam com o João Almeida e o Isaac del Toro. Os conflitos internos custaram-lhes duas Grandes Voltas"

Ciclismo
segunda-feira, 15 setembro 2025 a 17:28
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Chris Horner não poupou nas palavras ao analisar a Volta a Espanha de 2025 e o papel da UAE Team Emirates - XRG. No seu canal de YouTube, o antigo vencedor da corrida destacou não só o triunfo de Jonas Vingegaard, mas também aquilo que considera ser um padrão recorrente de falhas táticas da equipa dos Emirados, tanto em Espanha como na Volta a Itália.
“A Emirates ganhou sete etapas nesta Vuelta e a classificação por equipas”, começou por reconhecer Horner. “Mas, em termos táticos, falharam com o Almeida. Trouxeram o Juan Ayuso, sabendo que estava de saída, e depois permitiram que ele e Jay Vine perseguissem etapas em vez de se dedicarem à classificação geral. Foi um grande erro.”

O precedente do Giro

Horner vê na derrota de Isaac Del Toro na Volta a Itália o primeiro sinal daquilo que chama de “más decisões da direção”. O mexicano liderou a corrida durante quase duas semanas, mas perdeu a Camisola Rosa na penúltima etapa perante Simon Yates. “Del Toro deveria ter sido o vencedor da Volta a Itália de 2025. Perdeu porque os diretores optaram por defender em vez de atacar quando Yates e Carapaz estavam a pressionar. Essa decisão custou-lhes a corrida.”

Almeida deixado isolado

Na Vuelta, João Almeida terminou em 2º, mas, para Horner, fê-lo por conta própria. “Ayuso ganhou duas etapas quando já não lutava pela geral. Vine fez o mesmo. Ambos estavam a pedalar para si, não para Almeida. Isso deixou-o isolado em momentos-chave: na 9ª etapa, quando Vingegaard atacou. Na 11ª, quando Pidcock dividiu o grupo. E até nas montanhas finais, onde por vezes Almeida não tinha apoio nenhum.”
Segundo Horner, a notícia da saída de Ayuso para a Lidl-Trek agravou o problema: “A equipa sabia disso, mas ainda assim apostou nele em vez de Del Toro. Foi desperdiçar recursos e enfraquecer o líder.”

Oportunidades perdidas

O analista destacou episódios concretos: Almeida mal colocado na 9ª etapa, segundos de bónus perdidos para Vingegaard na 19ª, e uma 20ª etapa onde, mesmo com Ayuso a ajudar, o português teve de trabalhar demasiado sozinho. “Se Almeida tivesse chegado mais fresco ao final, talvez o resultado tivesse sido diferente. Mas a UAE só executou uma boa tática a sério quando já era tarde.”

Uma época de “quase”

Horner resumiu a temporada como um conjunto de oportunidades falhadas: Del Toro perdeu o Giro, Almeida ficou em 2º na Vuelta. Para ele, a raiz do problema está na profundidade excessiva do plantel e nas decisões de gestão: “A UAE precisa de resolver a sua política interna e alinhar as prioridades. Caso contrário, a abundância de líderes vai continuar a transformar-se em fraqueza.”

O contraste com a Visma

Na análise de Horner, o contraste foi evidente. A Team Visma | Lease a Bike, mesmo sem a superioridade esmagadora de outros anos, soube gerir recursos. “Vingegaard já não parece ter a mesma força a subir que tinha em 2022-24, talvez pelo aumento de massa muscular. Mas a equipa foi calma, inteligente, defendeu quando tinha de defender e aproveitou cada erro da concorrência. Não desperdiçaram nada.”
O comentário final deixou no ar a reflexão: a maior arma da UAE, a sua constelação de líderes de Grandes Voltas, é também a sua maior vulnerabilidade. Se quiserem transformar talento em vitórias nas Grandes Voltas sem Pogacar, terão de mudar já em 2026.
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