No mais recente episódio do podcast The Move,
Lance Armstrong, Sir
Bradley Wiggins,
George Hincapie e Spencer Martin juntaram-se para analisar a 7ª etapa da
Volta a França 2025, um dia que trouxe mais do que simples movimentações táticas no pelotão. No final, o desfecho foi familiar:
Tadej Pogacar voltou a vencer.
"Isto vai parecer um disco riscado. Tadej Pogacar, senhoras e senhores, ganhou outra etapa da Volta a França", comentou Armstrong, sublinhando aquela que foi a 101ª vitória profissional do esloveno. A 19ª no Tour, que o deixa na liderança da edição deste ano, reforçando o domínio da
UAE Team Emirates - XRG.
Jonas Vingegaard ainda conseguiu discutir o sprint com Pogacar, mas o resultado foi o mesmo da 4ª jornada: o dinamarquês não conseguiu ultrapassá-lo.
Apesar do triunfo, houve sinais de que o equilíbrio pode estar a mudar. A queda de
João Almeida, um dos pilares da equipa dos Emirados, afetou os planos para a etapa. "Penso que teve de haver uma reformulação do plano quando souberam que o Almeida tinha caído", disse Wiggins. Martin reforçou: "Com a queda de Almeida, não há plano B".
O português tem sido peça-chave para Pogacar desde o início da corrida e soma já três vitórias em classificações gerais esta temporada. Antes da queda, era considerado um sério candidato ao pódio e está também previsto como possível líder para a Volta a Espanha. As lesões,
uma costela fraturada e problemas numa mão, poderão complicar esse plano.
Ainda assim, o painel do The Move elogiou a postura de Pogacar. Em vez de atacar sozinho, como tantas vezes no passado, o esloveno optou por uma abordagem mais controlada. "Estamos a ver o Pogacar crescer diante dos nossos olhos", afirmou Martin.
Wiggins, no entanto, destacou outro ponto: o potencial de Jonas Vingegaard. "Jonas esteve bem hoje. Vamos agarrar-nos a isso", disse, numa esperança de que o campeão de 2022 e 2023 ainda tenha argumentos para relançar o Tour.
Outro nome em foco foi Sepp Kuss. O norte-americano, escudeiro de longa data de Vingegaard, continua longe do brilho habitual. "Não o vamos descartar já", disse Wiggins. "Este Tour é longo... teremos um verdadeiro reflexo da situação de Sepp na segunda-feira". Armstrong acrescentou: "É difícil fazer três Grandes Voltas no mesmo ano. Podem afetar a carreira".
Também Geraint Thomas, vencedor do Tour em 2018, deu nas vistas ao integrar a fuga do dia. Armstrong, com uma nota nostálgica, comentou: "Estamos lá e pensamos: 'O que estou a fazer aqui?'", recordando os seus últimos anos no pelotão. "Mas G é um ato de classe".
O episódio ainda abordou a dura queda nos quilómetros finais. "Foi difícil de ver... Lenny Martinez não sabia o que era subir ou descer", descreveu Armstrong, numa imagem que ilustra o caos dos momentos finais da etapa.
No meio da tensão, houve espaço para leveza: uma homenagem em forma de arte num campo verde a Bernard Hinault captou a atenção de Armstrong. "Isto é inacreditável... Passei 30 anos a ver a cobertura do Tour, castelos, riachos, fardos de feno. Este é o melhor que já vi".
Mas o foco continua na corrida. Martin alertou: "Os níveis estão a ficar mais altos, as diferenças são mais pequenas nas grandes montanhas e maiores nas pequenas subidas." Hincapie reforçou: "Os homens estão a ficar cansados. Chegamos ao Mur-de-Bretagne e pensamos: 'É impossível sobrarem 25 homens depois de uma subida'. Mas havia-os".
Mathieu van der Poel, que tem sido um dos protagonistas do Tour, acabou por ceder. Para os analistas do podcast, a quebra era previsível após tantos dias de protagonismo constante na frente da corrida.
Com a chegada da 8ª etapa, o foco muda para os sprinters. "Vão arriscar a vida para ganhar uma etapa", avisou Hincapie. "Se fosse eu, estaria a olhar para amanhã e para o dia seguinte e diria: 'Merda, meu. Espero que consigamos ultrapassar isto.'"