Depois de três anos de ausência na
Volta a França,
Marc Hirschi volta à prova onde se deu a conhecer ao mundo em 2020. Integrado na formação da
Tudor Pro Cycling Team, o suíço de 25 anos apresenta-se com ambições controladas e vontade de ser protagonista novamente. Em Lille, o
CiclismoAtual esteve presente na conferencia de imprensa do ciclista antes do inicio de mais uma Grande Volta.
A Tudor parte para esta edição com um bloco versátil, reunindo nomes como Julian Alaphilippe e Matteo Trentin para as etapas de média montanha, Michael Storer para a alta montanha e Alberto Dainese para os sprints. Hirschi, pela sua polivalência e explosividade, será uma das principais cartas da equipa suíça ao longo das três semanas.
Pergunta: Qual é a sensação de estar de volta à Volta a França após três anos?
Resposta: É muito especial. É a maior corrida do mundo. Tenho boas memórias de 2020 e também dos outros anos em que corri com o Tadej [Pogacar]. Por isso, é muito especial estar aqui novamente e estou ansioso pela corrida.
P: Quais são as tuas motivações e ambições pessoais para esta Volta?
R: Há muitas etapas interessantes. Gostava de estar nas fugas e de aproveitar oportunidades. A primeira semana é boa, e mais tarde também quero tentar perceber como estão as pernas. O grande objetivo é vencer uma etapa. Vamos ver como está o nível, mas quero estar ativo, mostrar-me e contribuir para a corrida.
P: O que achas da primeira semana? Parece ser perfeita para si como ciclista, mas também para a equipa. Como te sentes em relação a isso?
R: Acho que a primeira semana é boa, mas vai ser agitada. Vai haver muito stress, toda a gente quer estar na frente, os ciclistas da geral não querem perder tempo. A etapa 2 tem um final muito exigente, e agora o vento também vai ter influência. Mas sim, haverá dias difíceis e penso que 2 a 3 etapas se adequam bem à nossa equipa. Será um início complicado.
P: O teu objetivo e o do Julian [Alaphilippe] passam por etapas muito semelhantes. Como vai ser essa dinâmica entre vocês?
R: Durante a corrida vamos perceber quem tem melhores pernas. As etapas 2 e 4 são boas para nós. O mais importante é colocarmo-nos em posição. Depois, na corrida, decidimos. Pode acontecer que um de nós esteja melhor, e o outro trabalha para ele, ou tentamos os dois. Isso vai depender da corrida, mas é bom termos duas cartas para jogar. E se eu estiver bem, ajudarei o Julian. Se não, ele segue sozinho.
P: Qual seria o teu cenário de sonho nesta Volta?
R: O meu sonho seria ganhar uma etapa. Esse é o maior objectivo.
P: Como geres o facto de ciclistas como o Pogacar também quererem ganhar o mesmo tipo de etapas que tu apontas?
R: Espero que na segunda ou terceira semana algumas fugas tenham espaço para chegar. No ano passado isso quase não aconteceu, porque os favoritos controlaram tudo. Mas sim, para nós seria melhor que algumas fugas tivessem sucesso. Nos primeiros dias é normal que toda a gente queira ganhar, até os homens da geral, porque ainda está tudo em aberto. Mais tarde, espero que cheguem algumas fugas.
P: Isso muda alguma coisa na abordagem à corrida?
R: Não propriamente. Tudo depende de como se desenrola a corrida, se os favoritos querem mesmo gastar energia para vencer uma etapa. Isso é algo que não podemos controlar. A nossa preparação foi feita da mesma forma, independentemente disso.
P: Estiveste numa das maiores equipas do mundo, a UAE Team Emirates. Agora estás numa estrutura muito diferente. Como é que foi essa transição entre dois mundos com realidades económicas tão diferentes?
R: Do ponto de vista desportivo, não nos afecta muito. Temos o mesmo apoio e preparação. A diferença está mais nos salários dos ciclistas. Mas em termos de desempenho, não sinto nenhuma desvantagem. O nível de apoio é o mesmo.
P: O que podem tu e a equipa aprender com o Julian Alaphilippe?
R: Ele tem muita experiência na Volta e sabe como se posicionar e reagir nos momentos decisivos. Especialmente nestes primeiros dias, já mostrou que sabe o que fazer. A experiência dele é importante e pode fazer a diferença para todos nós.
P: A Melanie mencionou a tua vitória em 2020. Como é que essa vitória mudou a tua vida? Suponho que te tenha dado muita confiança. E como lidaste com a pressão que veio depois?
R: Mudou bastante, principalmente no reconhecimento. Fora do ciclismo, mais pessoas passaram a conhecer-me por causa da Volta. Dentro do ciclismo, deu-me motivação e confiança. Percebi que posso estar com os melhores. Claro que também trouxe pressão, tanto externa como interna, porque sei que, se tudo correr bem, posso estar lá. Mas isso faz parte do ciclismo.