Conferência de imprensa: “Não sei se isso já aconteceu antes” – Isaac del Toro prestes a fazer história no desporto mexicano com estreia confirmada na Volta a França

Isaac del Toro falou à comunicação social durante a conferência de imprensa da UAE Team Emirates - XRG, onde o CiclismoAtual e o CyclingUpToDate marcaram presença, abordando o seu calendário para a época, a estreia na Volta a França ao lado de Tadej Pogacar, as lições do quase triunfo no Giro e a forma como vê a sua evolução a longo prazo como corredor.

Vai correr a Volta a França este ano. Pode falar-nos do seu programa e de como surgiu essa decisão?
Como Grande Volta, sim. Em termos gerais, começo na UAE Tour, depois Milão-Turim, depois a Volta ao País Basco e, a seguir, farei a Volta a França. Esse é o arranque.

Foi decisão sua ir ao Tour com o Tadej, para aprender com ele?
Sim. A ideia é que, estando sempre com ele, faz parte do trabalho aprender o mais depressa possível. Tento perceber melhor a corrida e aprender como funcionam estas provas para o futuro. Acho que é bom para mim.

Vê-se um dia no lugar dele, talvez dentro de três ou quatro anos?
Espero que sim. Como muitos corredores, quero tentar. Mas não há pressa nem pressão. Claro que um dia quero ser melhor e chegar a esse nível.

Quem vê como os seus maiores rivais, dentro da equipa ou noutras equipas?
Há muitos corredores. Não vou dizer nomes porque, de certeza, esquecer-me-ia de alguém. Há muitos atletas fortes e eu só preciso de manter o foco e tentar dar sempre o meu melhor.

Esta será a sua primeira Volta a França. Qual é o objetivo lá?
Desfrutar da corrida e ver como é no final. Já fiz a Volta a Espanha e acho importante também conhecer o Tour. É bom estar lá.

Haverá corridas em que poderá perseguir as suas próprias ambições, ou a maior parte do calendário será em apoio a outros?
Faz parte do processo. Nem todo o programa é com o Tadej. Algumas corridas serão para aproveitar oportunidades e tentar alcançar um nível diferente este ano. Veremos como corre e estou entusiasmado.

Há corridas que já sabe que serão para si?
Depende da situação e de como conseguir gerir as coisas. Vou correr com a UAE e com outros líderes também, e será um ano interessante.

Muita gente acha que poderia ter vencido o Giro. Concorda e o que aprendeu nessa corrida?
Foi algo que aprendi rapidamente depois dessa prova. Tentei gerir o Giro o melhor possível. Na segunda parte da época tentei corrigir muitos problemas que tive durante o Giro e acreditar mais em mim. No final resultou, por isso vamos ver se consigo repetir. O Giro foi especial por muitas razões.

Houve erros que significaram que não venceu a corrida?
Sim.

Pode explicar como surgiu a decisão para correr a Volta a França? Foi algo que o Tadej quis?
Talvez sim, têm de lhe perguntar. Da minha parte, quero sempre estar lá. Em criança era um sonho e agora faz parte do plano. Quero estar com os melhores e a esse nível. É algo que sempre quis.

Pensa especializar-se em corridas por etapas ou em clássicas de um dia, ou quer continuar a fazer ambas?
Cada corredor é diferente e a personalidade conta. Eu tento simplesmente desfrutar. Não esperava ser competitivo em corridas de um dia assim e também numa Grande Volta tão depressa. Tinha ambições diferentes, mas agora consigo concretizar outras. Estou entusiasmado.

Então já sabe qual gosta mais?
Claro que sei, mas talvez não o diga.

Ganhou o título nacional do México no ano passado. O que significa ir à Volta a França com essa camisola?
É mesmo especial. Não sei se já aconteceu antes. Era um objetivo que tinha em criança e agora ter a bandeira é incrível. É algo de que tenho muito orgulho.

Pode falar-nos dos seus começos no ciclismo?
Antes fiz outros desportos. O ciclismo foi o último. Na minha família, dos dois lados, havia ciclismo, downhill, estrada e BTT. Com o meu irmão decidimos avançar. Quando tens um irmão mais velho e és competitivo, queres sempre ser melhor. Aproveitei muitas oportunidades e, dia após dia, o ciclismo mudou a minha vida.

Que desportos praticou antes do ciclismo?
Futebol, natação, muitas coisas diferentes. Talvez demasiadas, e depois fiquei-me pelo ciclismo.

Disse que cometeu erros na etapa final do Giro. Que erros foram esses?
Esqueci-me de que passei uma noite na frente e estava a jogar com os corredores.

Quem foi responsável por isso?
Eu.

Quão grande é a Volta a França no México como evento?
Agora é tão importante como o Giro. As pessoas conhecem-na mais. É o maior evento do ciclismo e estou muito entusiasmado por estar lá.

Sente que é a próxima superestrela do ciclismo?
Não.

Porquê?
Muita gente acha que sim. Eu sou demasiado humilde.

Onde acha que ainda pode melhorar mais?
Talvez na durabilidade. Não a treino muito, por isso é algo que posso começar a trabalhar.