Conversas de Café: A Volta a Portugal começa hoje. Top 5, Etapas Chave e surpresas

Ciclismo
quinta-feira, 25 julho 2024 a 12:40
mauricio moreira3
Foi à mesa do café que acordamos para o dia de hoje. Terminada a exaustiva mas sempre prazerosa cobertura de 21 dias da Volta a França, traçamos planos para os objectivos que se aproximam. Vêm aí as provas de contrarrelógio e de estrada dos Jogos Olimpicos, a Volta à Valónia que está na estrada, mas convenhamos... o tema central era a nossa Volta a Portugal. A Grandíssima vai para a estrada hoje e completará a 85ª edição da sua existência.
Já foi em tempos uma prova que cobria todo o território nacional, com 21 dias de estrada puros e duros. Mudam-se o tempos e hoje estamos cingidos a 9 dias de etapas em linha, um prólogo e um contrarrelógio. O dinheiro fala mais alto e aquele que em tempos era o desporto do povo, parece que não muda de estigma em Portugal. Há quem diga que é sempre mais do mesmo, que a corrida não vai para o sul do país, que as chegadas são quase sempre as mesmas, mudando aqui e ali de vez enquando, mas no fundo parece que têm medo de arriscar. Dizemos com franqueza que não é necessário um novo rumo, é necessário sim acabar com o establishment, com o corporativismo e acima de tudo, acabar com o monopólio da empresa Podium, gerida pelo ex ciclista profissional Joaquim Gomes, que só se move pelo dinheiro. Essa é a verdade que ninguém ousa combater.

Arranca hoje a 85ª Volta a Portugal

Lembremo-nos que no ano de 2020, essa mesma empresa não quis saber dos ciclistas, do ciclismo, de quem apoia as equipas e recusou-se organizar a Volta a Portugal, tendo a Federação Portuguesa de Ciclismo a expensas próprias de organizar a corrida, porque estava muito em jogo. Por isso temos que colocar o dedo na ferida antes do inicio de mais uma Volta... Para quando a saída de Joaquim Gomes e da Podium da organização da prova?
Centramo-nos depois na corrida. Perante o percurso que o pelotão terá pela frente, qual ou quais serão os pontos chave ou as etapas chave da corrida " O percurso da Volta a Portugal peca, essencialmente, pela falta de criatividade. Desde 2006 que a Volta começa com um prólogo. Quase 20 anos consecutivos. Por vezes, pode ser giro, mas sobretudo com o domínio de Rafael Reis nos últimos anos, torna-se um dia mais monótono e limita o leque de ciclistas e sobretudo de equipas que podem vestir a camisola amarela. César Fonte nunca vestiu a camisola amarela da Volta. Não seria interessante começar com um dia de média montanha semelhante ao que abriu o Tour para ver se o veterano ou um Luís Gomes conseguia andar de amarelo?" diz o Filipe Pereira
"O mesmo pode ser dito sobre etapas como a chegada ao alto da Senhora da Graça. É uma subida gira mas não é dura ao ponto de merecer estar na corrida todos os anos e já vimos a Volta passar por subidas que podiam perfeitamente substituir o Monte Farinha, de vez em quando. É de prezar a reintrodução do Observatório de Vila Nova no percurso. É uma subida que fez a diferença em 2022, com Mauricio Moreira a quebrar e é estranho não ter integrado o percurso em 2023. Se é boa ideia aparecer tão cedo na corrida? Penso que sim, dá uma dinâmica diferente. Se é para melhor, é algo que só mesmo vendo. Uma coisa que gostaria de ver no percurso da Volta era uma passagem pelos arquipélagos da Madeira ou dos Açores. Seria muito giro ver a Volta a começar aí e são zonas com potencial turístico que justifica isso mesmo." concluiu a sua observação,
O Ivan Silva fez a sua leitura "Etapa decisiva: provavelmente o contrarrelógio. A geral vai ser muito renhida até ao último dia e vão haver diferenças nas bonificações e pouco mais. Nas etapas de montanha duvido que hajam ataques a fazer a diferença. Alternativamente também a chegada a Boticas com a subida a Torneiros pode fazer mais diferenças do que se espera, pelo que vi o ano passado a subida é muito mais dura do que aparenta ser no grafismo." Fomos obrigados a dizer ao Ivan para tomar menos um café, porque não há bonificações na Volta a Portugal, o que gerou uma risota geral entre o pessoal " Pá, já nem me lembrava. É do sono" argumentou o nosso colega.
O Carlos Silva foi critico, mas explicou " Mais do mesmo. Senhora da Graça, Torre, Guarda, Fafe. Já chateia aquela etapa de Fafe. Portugal é tão grande, tem sítios brutais com subidas duríssimas e vamos sempre parar aos mesmos sítios. Mas pronto, é o que temos, um percurso mal desenhado. Destaco as etapas 4 e 10, Torre e Senhora da Graça. São super duras e vão ser feitas debaixo de um calor intenso. Na etapa de sábado com chegada na Torre aquela malta vai andar debaixo de 40 graus todo o dia. Vão-se fazer diferenças aí, acredito, embora o pelotão ainda esteja fresco"
" A chegada ao Observatório de Vila Nova é dura, acho que aí poderemos ver quem está bem ou não, fazer uma primeira seleção. Depois a tal etapa da Senhora da Graça. Meus amigos, da Maia à Senhora da Graça até eu vou de bicicleta, mas eles vão subir o Marão e vão ao Alto do Barreiro antes de seguirem para Mondim. Vai ser giro e vai doer." concluiu.
António Carvalho fez parte das escolhas dos 3 editores do CiclismoAtual
António Carvalho fez parte das escolhas dos 3 editores do CiclismoAtual
E um top 5? Quem é que cada um mete num Top 5 final? Gerou-se conversa e opiniões distintas. Sem mais delongas fica o que cada um disse, mas atenção que apesar de nos termos rido um bom bocado, cada um foi firme no que disse.
Filipe Pereira: 1.Jonathan Caicedo 2. Mauricio Moreira 3. António Carvalho 4. Colin Stüssi 5. Abner González 
Ivan Silva: 1.Joan Bou 2.Afonso Eulalio 3.Colin Stussi 4.Antonio Carvalho 5.Maurício Moreira
Carlos Silva: 1. António Carvalho 2.Diego Camargo 3. Artem Nych 4. Joan Bou 5. Alexander Konychev 
Agora que ficaram a conhecer os nossos Top 5 estarão a perceber o motivo da discussão. No entanto no final da Volta vamos ver se algum de nós tinha razão e quem conseguiu marcar mais homens no top.
Para acabarmos a conversa cada um de nós mandou para a praça um nome que considere que vá brilhar ou ser uma revelação nesta edição da Grandíssima. O Ivan Silva foi directo e nem justificou a escolha "Revelação? Se assim o pudermos chamar, será o Afonso Eulálio. Para mim será um candidato à vitória final".
Já o Filipe Pereira disse "O Afonso Silva tem todas as condições para explodir nesta Volta a Portugal. Os seus resultados ao longo da época são excelentes, nomeadamente o quarto lugar na Volta ao Alentejo e o pódio no GP Abimota. Não vai ganhar a Volta, nem lutar pela corrida mas é uma excelente solução para ganhar uma etapa para o Tavira, nomeadamente a partir da fuga. E porque não lutar pela camisola da montanha? Outro nome a ter em atenção é o de Noah Campos, campeão nacional de sub-23."
O Carlos Silva argumentou " Não pus o Abner Gonzalez no meu top 5 e se calhar arrependo-me. Ele está em crescendo de forma, vai correr debaixo de um calor imenso, que é algo que está habituado e apesar de não ter dado nas vistas no seu primeiro ano em Portugal, acho que ele vai ser a grande surpresa desta Volta. A Feirense tem uma equipa muito boa e têm tudo para ganhar a Volta. Se O Carvalho sobreviver à Serra da Estrela, temos homem, candidato e se calhar vai cumprir o sonho de uma vida. Quero que seja um português a ganhar. O Frederico Figueiredo tem andado escondido e não sei como é que estará a forma física dele."
E é isto malta, foi a primeira das nossas conversas de café. Temos até dia 4 de Agosto a Grandíssima na estrada. Goste-se ou não é a nossa Volta, é a festa do povo. Toca a ir para a estrada apoiar. Os ciclistas prometem dar tudo e tudo o que pedem é publico na estrada. Contamos com todos.