A tensão entre os dois grandes favoritos à vitória na
Volta a França 2025 atingiu um novo pico nesta segunda semana de corrida.
Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard continuam separados por pouco mais de quatro minutos na classificação geral, mas a distância entre ambos parece maior quando o assunto são as trocas de palavras fora da estrada. As críticas do camisola amarela às decisões tácticas da
Team Visma | Lease a Bike fizeram eco no pelotão e mereceram uma resposta direta do dinamarquês.
A polémica começou na 15.ª etapa, marcada por uma queda de Vingegaard nos quilómetros iniciais. O pelotão partiu-se momentaneamente e, embora os principais candidatos à geral, incluindo Pogacar, tenham seguido num grupo dianteiro, a Visma optou por manter Wout van Aert, Victor Campenaerts e Matteo Jorgenson na frente da corrida, tentando entrar na fuga do dia. Para Pogacar, essa atitude não foi bem recebida.
O líder da
UAE Team Emirates - XRG comentou no final da etapa: “Se eu estivesse no lugar do Jonas, não seria o mais feliz na mesa de jantar esta noite.” A frase, aparentemente inocente, foi interpretada como uma crítica ao compromisso coletivo da Visma em torno do seu líder. E não caiu bem.
Em declarações à cadeia dinamarquesa TV2, Jonas Vingegaard respondeu com ponderação, mas sem esconder o desconforto. “Acho que ele está a criticar mais a minha equipa do que a mim”, começou por dizer. “Estive sozinho durante algum tempo após a queda e penso que os diretores desportivos deviam ter mandado regressar um ou dois ciclistas do grupo da frente. Mas falaremos sobre isso mais tarde.”
O dinamarquês evitou apontar culpados, mas reconheceu que a situação poderia ter sido gerida de forma diferente. Ainda assim, deixou claro que não apreciou os comentários de Pogacar, que já antes, na 7.ª etapa, tinha apontado uma suposta incoerência tática da Visma durante a subida ao Mur-de-Bretagne, um dia marcado também por um momento pouco habitual, quando Pogacar empurrou Matteo Jorgenson durante uma zona de abastecimento, gesto que foi amplamente discutido nas redes sociais e na imprensa.
Já na 15.ª etapa, Pogacar voltou a seguir de perto os ataques de Jorgenson, numa atitude que alguns interpretaram como uma disputa pessoal. A resposta de Vingegaard à insistência do esloveno nesse duelo também foi sóbria, mas deixou implícita a necessidade de reavaliar decisões estratégicas dentro da própria equipa. “É da responsabilidade dos diretores desportivos, pelo que as conversas com eles serão muito valiosas. Se eu não voltar ao pelotão com três colegas de equipa, é preciso tomar uma decisão”, frisou.
A três dias das grandes etapas alpinas, o clima aquece tanto nas pernas como nas entrelinhas. E mesmo sem um confronto direto nas palavras, o jogo psicológico entre Pogacar e Vingegaard (e entre as estruturas da UAE e da Visma) promete ser decisivo até Paris.