Debate sobre a 6ª etapa da Volta à Polónia e 5ª etapa da Volta a Burgos, com comentário à 3ª etapa da Volta a Portugal

Ciclismo
sábado, 09 agosto 2025 a 21:30
isaacdeltoro
A Volta à Polónia e a Volta a Burgos foram as provas mais importantes a decorrer neste sábado deste sábado. Em Burgos, Isaac del Toro continuou a sua época de sucesso, conquistando o título da geral, mas o ciclista da UAE Team Emirates - XRG não conseguiu vencer a etapa rainha, perdendo mais uma vez para Giulio Ciccone, numa repetição do duelo travado na Clássica San Sebastián a semana passada. Del Toro atacou a 2,9 quilómetros do fim, com Ciccone na sua roda, enquanto o líder Léo Bisiaux e Giulio Pellizzari perdiam terreno.
Ciccone, recuperado dos contratempos da primeira etapa, venceu a etapa. O segundo lugar de Del Toro foi suficiente para garantir a vitória na classificação geral, com Lorenzo Fortunato a fechar o pódio do dia.
Na Polónia, fez-se história. Na etapa 7 da Volta à Polónia, Victor Langellotti deu à INEOS Grenadiers uma vitória que será recordada muito para além do autocarro da equipa. O ciclista monegasco não só ganhou a etapa, mas também passou para a liderança geral da corrida, tornando-se o primeiro do seu país a triunfar ao mais alto nível do ciclismo. A uma etapa do fim da corrida, a pressão continua a ser grande, com o pelotão a alinhar-se para a última etapa.
Já em Portugal tivemos vitória inédita para Hugo Nunes da Credibom - LA Alumínios - MarcosCar. O ciclista de Paços de Ferreira venceu depois de ter integrado a fuga do dia e subiu também às lideranças das classificações por pontos e da montanha. Na geral, Pau Martí mantem a sua liderança com 2 segundos de vantagem sobre o vencedor de 2024, Artem Nych.
Depois de terminadas as etapas questionamos os nossos redatores sobre o que pensam deste dia de corridas.

Ivan Silva (CiclismoAtual)

Durante estes dias o destaque da minha parte será sempre para a Volta a Portugal, mas não quero deixar de dar os parabéns a um ciclista que também marcou a história da nossa Volta. Victor Langellotti foi uma contratação algo surpreendente por parte da INEOS para 2025 mas, depois de uma semana onde já se tinha mostrado em boa forma, hoje teve mesmo a oportunidade de erguer os braços pela primeira vez no mais alto nível do ciclismo profissional. Isto serve de demonstração de que a Volta a Portugal mesmo sendo uma corrida pouco cotada a nível mundial, continua a ser palco onde grandes ciclistas se mostram ao mundo do ciclismo e conseguem dar o salto para o sucesso no World Tour, como são os casos de por exemplo Phil Bauhaus, Krists Neilands, Reinardt Janse van Rensburg, Orluis Aular e claro, nunca esquecendo o Afonso Eulálio que ainda hoje esteve ao ataque em Burgos, antes dos favoritos terem tomado a etapa por assaldo.
Já em Portugal assistimos a uma etapa interessante, que tipicamente é um dia de fuga. Tivemos a constituição de uma fuga numerosa, com 3 ciclistas da Caja Rural, um cenário que me surpreendeu porque na minha opinião eles eram uma das equipas com menor interesse em que a fuga vingasse dado que Iuri Leitão era um sério candidato à vitória.
A própria fuga em si também não era garantido que fosse vencer, porque para lá da vitória de etapa poderíamos ter em jogo uma Camisola Amarela e a equipa da Israel - Premier Tech Academy também não estava interessada em perde-la. Foi interessante ver que a Anicolor mesmo não tendo a liderança também colaborou na perseguição a certa altura da corrida e foi muito graças a esse trabalho que a distância foi controlável, mas fizeram mais do que lhes competia e no final só com as formações da Israel e de Tavira a assumirem as rédeas do pelotão, a fuga acabou por ter uma margem (mínima) para vencer a etapa.
Os meus parabens ao Hugo Nunes, que já não é a primeira vez que me chama à atenção nesta Volta a Portugal depois do ataque poderoso que fez na primeira passagem no alto do Sameiro que lhe permitiu abrir muito rapidamente um espaço considerável para o resto do pelotão. Uma palavra também para German Tivani que mesmo sendo em teoria mais sprinter também parece estar a querer intrometer-se na luta pela montanha, classificação que venceu na Volta ao Algarve deste ano. Aliás, é bastante interessante ver que os principais protagonistas na montanha e nos pontos são precisamente os mesmos ciclistas, o que é algo que muito raramente acontece.
Já sobre a etapa de amanhã, vai ser o primeiro grande dia a sério desta Volta a Portugal. Artem Nych regressa ao terreno onde virou a geral da Volta a Portugal de pernas para o ar em 2024 e a Anicolor - Tien 21 tem-se mostrado bastante ativa este ano pelo que é de esperar que amanhã vejamos ataques à Amarela por parte dos homens de amarelo. Mas prognósticos só no fim do jogo.

Víctor LF (CiclismoAlDía)

Em Burgos, aconteceu o esperado com Isaac del Toro a conquistar a classificação geral final. Léo Bisiaux ainda tem um longo caminho a percorrer para estar ao nível dos melhores e Giulio Ciccone mostrou que é era o ciclista mais forte nas subidas, fazendo o mexicano sofrer tal como fez na Clássica de San Sebastián há exatamente uma semana. Na Polónia, a grande surpresa de Victor Langellotti, Brandon McNulty tinha a corrida ganha mas foi surpreendido pelo monegasco da INEOS Grenadiers na chegada.
Ainda assim, o americano será o favorito para o contrarrelógio final. Pello Bilbao, que poderá terminar no pódio se fizer um bom contrarrelógio, será o favorito para o contrarrelógio final. Finalmente, gostaria de falar sobre o grande desempenho da Movistar Team hoje em ambas as corridas.
Em Burgos, colocaram 3 ciclistas no Top 20 na mítica subida às Lagunas de Neila, com um impressionante Diego Pescador, o jovem trepador colombiano. Muito bons também Jefferson Cepeda e Antonio Pedrero. E na Polónia, Davide Formolo ainda está na corrida para conseguir um bom resultado na geral, enquanto Lorenzo Milesi tentou novamente entrar na fuga.

Ruben Silva (CyclingUpToDate)

Na Polónia foi um dia interessante, mas, em última análise, esta é quase sempre uma corrida decidida nos contrarrelógios. Os dias montanhosos apenas fazem a seleção entre os que podem correr para a vitória, o que é um formato de corrida que não me agrada, especialmente para 7 dias de corrida. A Emirates jogou bem as suas cartadas, mas havia um ciclista mais forte.
Langellotti faz história para o Mónaco
Langellotti faz história para o Mónaco
Devo dizer que Langellotti era um ciclista de qualidade e não o subestimei nesta época, mas ele deu realmente mais um passo em frente e o que fez hoje foi muito impressionante. Um ciclista inteligente, que aproveitou a falta de um "grande nome" para usar os seus rivais na perfeição e, depois, culminou com uma aceleração louca para conquistar a vitória e a camisola amarela. Acredito que a Emirates vai ganhar a geral amanhã com McNulty.

Fin Major (CyclingUpToDate)

Mais um grande sábado de corridas. Longe dos grandes eventos que tiveram lugar na Polónia e em Espanha, Tom Pidcock conseguiu tranquilamente a sua primeira vitória na estrada em seis meses, na Noruega. Não, o pelotão não era de todo o mais forte, mas uma vitória é uma vitória e Pidcock vai sentir-se aliviado por ter conseguido uma vitória antes da Vuelta. Depois de um forte início da sua carreira na Q36.5, passou por um período discreto na sequência de um Giro sem brilho. Esperemos que a vitória de sábado possa ser o trampolim para mais sucesso em Espanha este mês.
E você? O que pensa sobre o que aconteceu hoje? Deixe um comentário e junte-se à discussão!
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