Depois de resgatar Jan Ulrich do "fundo do poço", Lance Armstrong também tem sido essencial na recuperação de Bradley Wiggins: "Inspirou-me a deixar de beber...foi uma bênção"

Ciclismo
segunda-feira, 19 maio 2025 a 23:00
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No virar do milénio, o ciclismo viveu uma das rivalidades mais emblemáticas da sua era moderna. Jan Ullrich e Lance Armstrong protagonizaram duelos épicos na Volta a França, preenchendo as manchetes e alimentando o imaginário dos adeptos. Mas, mais do que os momentos de glória, foram os episódios sombrios das suas vidas que acabariam por traçar um novo rumo no relacionamento entre os dois antigos adversários.
“Costumávamos ser concorrentes, com respeito mútuo. Acho que todos sabemos o que aconteceu depois disso”, recordou Ullrich numa entrevista concedida à VTM, no seu festival de ciclismo em Bad Dürrheim. Hoje com 51 anos, o alemão já vive numa fase mais estável, mas não esquece os anos difíceis que se seguiram à sua retirada forçada em 2007.
Durante esse período, a vida de Ullrich mergulhou no caos, com problemas pessoais e episódios de colapso público. Curiosamente, seria o próprio Lance Armstrong - alvo de um dos maiores escândalos de doping da história do desporto e, por consequência, banido do ciclismo - a estender-lhe a mão no momento mais crítico.
“Acho que isso nos uniu. Tive problemas sérios na minha vida pessoal, e o Lance ajudou-me muito nessa fase”, confessou Ullrich. "Estive várias vezes nos Estados Unidos, trocámos ideias e criámos uma amizade sólida. Para mim, foi um sinal importante o facto de alguém que outrora foi o meu maior rival ter vindo visitar-me, mostrando interesse na pessoa que sou para além do ciclista. Foi uma motivação enorme para quebrar o ciclo vicioso em que me encontrava".
A história de recuperação de Ullrich tem eco noutras figuras marcantes do ciclismo. Um dos exemplos mais recentes é o de Sir Bradley Wiggins, o primeiro britânico a vencer a Volta a França, campeão olímpico e uma das grandes referências do desporto no Reino Unido. Apesar de o seu percurso não estar ligado a casos de doping, Wiggins também viveu períodos turbulentos após o fim da carreira competitiva, marcados por lutas pessoais profundas.
Curiosamente, o próprio Wiggins revelou que recebeu apoio do mesmo homem: Lance Armstrong. “Ele tem sido um dos meus maiores apoiantes nos últimos doze meses”, revelou o britânico. "Inspirou-me a deixar de beber, entre outras coisas, e a garantir que estava a colocar a minha vida no bom caminho. Foi, sem dúvida, uma bênção".
De rivais a aliados, de adversários ferozes no alto dos Alpes e dos Pirenéus a confidentes e apoios fora das bicicletas, as histórias de Ullrich e Wiggins demonstram como o desporto, mesmo nos seus capítulos mais sombrios, pode ser veículo de empatia, solidariedade e renascimento.
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