"Devem respeitar o seu estilo de correr e aceitá-lo" Analista defende Tadej Pogacar das suspeitas de doping, das comparações com Merkx e do seu estilo de correr

Ciclismo
sexta-feira, 10 outubro 2025 a 16:00
pogacar gianetti
A temporada de 2025 de Tadej Pogacar elevou a definição de domínio no ciclismo profissional a níveis raramente vistos. Com 19 vitórias até agora, incluindo a Volta a França, os Campeonatos do Mundo e da Europa, bem como vários monumentos, o esloveno continua a deslumbrar os fãs com ataques a solo arrojados que deixam o pelotão a anos-luz de distância.
Contudo este nível de superioridade levanta inevitavelmente questões entre os espectadores de ciclismo casuais. O comentador Karsten Migels, da Eurosport, explica: "Os telespectadores casuais da modalidade tendem a associar desempenhos como este ao doping. É esse o legado do ciclismo". Ainda assim, Migels sublinha "Mas é claro que se aplica a presunção de inocência. Faço questão de sublinhar isso em todas as transmissões. Não é fácil explicar estes desempenhos de uma forma que satisfaça toda a gente", disse Migels. "O ciclismo tem esta história. Mas também há espaço para admirar a corrida em si"
Os números impressionam: 19 vitórias em 2025, sendo 51 das 107 vitórias da carreira a solo. As vitórias nos Mundiais e Europeus foram alcançadas através de ataques de longe, destroçando o pelotão e mostrando um nível de corrida raramente visto. "É o estilo dele. É assim que ele quer correr e moldar as corridas", disse Migels. "Há quatro ou cinco anos, quando ele ainda era relativamente desconhecido, era refrescante. Atacava cedo, falava francamente e trouxe uma faísca ao ciclismo. Um pouco como o Peter Sagan fez na sua altura.
No entanto, o mesmo estilo que o torna emocionante de assistir também alimenta a desconfiança. "Muitas pessoas gostam de ver quando ele faz 85 quilómetros sozinho na Strade Bianche ou 75 quilómetros nos Europeus", acrescenta. "Mas também incomoda alguns fãs. Perguntam a si próprios como é que isto é possível e voltamos ao debate sobre o doping. Podemos ver isso nos fóruns online. É lamentável, mas o seu estilo de corrida tem de ser respeitado e aceite."

Um campeão e um ser humano

Para além da performance, Migels destaca a postura do esloveno: "Ele aborda tudo abertamente, quer se trate de uma corrida ou de uma entrevista. Colegas de equipa como o Nils Politt dizem que é fácil conviver com ele, mesmo que não dê muitos presentes na estrada. Quando o faz é por opção, como no GP de Montréal deste ano, quando permitiu que o colega de equipa Brandon McNulty ficasse com a vitória. O McNulty tinha trabalhado muito e sem ele o Pogacar não teria tanto sucesso", observou Migels. "Foi a coisa certa a ser feita."
A carga mental e física é enorme. Pogacar revelou que pretende reformar-se após os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles. "As exigências para ele são enormes", diz Migels. "Ele nem sequer pode ir dar um passeio ou tomar um café sem ser reconhecido. Isto antes das corridas, das conferências de imprensa, dos compromissos com os media ou da preparação para o Giro ou o Tour. A dada altura a energia psicológica esgota-se", explica Migels.

O Eddy Merckx da era moderna?

As comparações com Merckx são inevitáveis. "Como disse Jan Ullrich, Pogacar será provavelmente recordado como o Eddy Merckx da era moderna. E sim, a questão do doping será sempre levantada. Mas ele deixou claro que não se imagina a seguir esse caminho", comenta Migels.
Se mantiver este nível, Pogacar não só terminará como o melhor ciclista da sua geração, mas também como um dos poucos a dominar o ciclismo de forma tão completa, conquistando respeito e admiração em igual medida, mesmo num desporto que aprendeu a desconfiar da grandeza.

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