Primoz Roglic tem adoptado uma postura discreta nas primeiras jornadas da
Volta a França 2025, mantendo-se fora dos holofotes e evitando qualquer protagonismo desnecessário. O esloveno parece confortável nessa reserva, mesmo quando questionado sobre as suas aspirações à Camisola Amarela. Ainda antes do arranque da primeira etapa, o líder da
Red Bull - BORA - hansgrohe minimizou a pressão associada à possível conquista da geral, afirmando que esse feito não alteraria o seu legado desportivo.
"Para ser sincero, não me interessa. Imaginar isto ou aquilo... como já disse, quer tenha dez Tours, um ou nenhum, isso não vai mudar a minha carreira", afirmou Roglic em declarações à ITV Sport. "Já ganhei algumas corridas. Estou muito orgulhoso disso. E vamos tentar divertir-nos aqui."
As palavras do esloveno geraram reações imediatas no meio, nomeadamente da parte de Adam Blythe. O antigo campeão britânico, agora comentador da
TNT Sports, viu nas declarações um sinal de desrespeito pelos companheiros de equipa: "É uma coisa horrível de se dizer. Desrespeita toda a equipa, o pessoal que o rodeia. Se ele não estava bem colocado ontem por falta de posição ou o que quer que fosse, e depois diz '
eu não me importo'... e quase nem tenta?"
No seio da Red Bull - BORA - hansgrohe, porém, reina outra leitura.
Rolf Aldag, director desportivo da formação alemã, garante que a serenidade de Roglic não deve ser interpretada como falta de ambição. "Todos temos um objectivo claro por estarmos aqui. Não é para passear durante três semanas em França", afirmou Aldag em citações recolhidas por Daniel Benson no seu
Substack. "Se ele quisesse apenas pedalar por França, tenho a certeza de que a conta bancária lhe permitiria umas férias com a família."
Aldag sublinha que o esloveno continua a ser um ciclista altamente motivado e que conta com o apoio de uma estrutura igualmente ambiciosa. "Estamos aqui para obter resultados com o Primoz, com o Jordi Meeus e, esperamos, com outros, se surgirem oportunidades."
Apesar dos segundos perdidos nas primeiras etapas, o director desportivo mostra-se tranquilo quanto ao posicionamento do seu líder. "Decidimos conscientemente não correr grandes riscos, mesmo que isso implique ceder alguns segundos. Felizmente, ainda não houveram quedas, mas sabemos como tudo pode mudar num instante na Volta a França, por isso fazemos figas", concluiu Aldag.
Roglic, que já conquistou a Volta a Espanha e a Volta à Itália e já subiu ao pódio da Volta a França, parece querer gerir esta edição com sangue-frio, sem ceder ao ruído exterior. A discrição poderá bem fazer parte de uma estratégia maior, guardando forças para quando a alta montanha e os cronómetros começarem a decidir o destino da Camisola Amarela.