Com 12 vitórias nas últimas 15 corridas, o francês
Paul Magnier está a fechar a temporada de 2025 de forma simplesmente espetacular. Aos 21 anos, o jovem velocista da
Soudal - Quick-Step transformou cada sprint numa oportunidade de vitória e consolidou-se como uma das maiores promessas do ciclismo mundial. O seu mentor, Johan Molly, revela as chaves da transformação de um talento em pleno ascensão.
Paul Magnier tem estado imparável. Depois de brilhar no GP de Fourmies, o francês somou quatro vitórias em etapas na Volta à Eslováquia e na Volta à Croácia, antes de chegar à China, para participar na
Volta a Guangxi, onde já conquistou três vitórias consecutivas.
“Ontem à noite estive numa videochamada com o Paul e ele disse-me que queria ganhar quatro etapas na China. Eu disse-lhe que espero cinco”, brinca Johan Molly, o olheiro que descobriu o talento francês. “Ele está num momento brilhante, parece feliz e muito forte.”
No início de 2025, Magnier traçou um objetivo ambicioso: enfrentar os grandes nomes das Clássicas flamengas. Contudo, o plano rapidamente foi por água abaixo. “Na Gent-Wevelgem percebi logo que algo não estava bem”, recorda Molly. “Na primeira subida ao Kemmelberg parecia bem, mas de repente desligou-se completamente.”
A explicação surgiu mais tarde: um erro na preparação. Magnier focara-se excessivamente no treino de força e explosão, sacrificando a resistência. O resultado foi um corpo forte, mas pouco adaptado às longas distâncias e ao desgaste das Clássicas. Até Tim Merlier, seu colega e referência nos sprints da Soudal Quick-Step, o alertou para o risco de estar a exagerar no desenvolvimento muscular.
A mudança que redefiniu a carreira
Com a época em risco, Magnier tomou uma decisão: mudou de treinador, passando a trabalhar com Frederik Broché, antigo selecionador nacional da Bélgica. O efeito foi imediato. “Na Heistse Pijl, voltámos a ver o verdadeiro Paul”, explica Molly. “Recuperou a leveza, a agilidade e a capacidade de aceleração. Já não parecia um fisio culturista, mas um ciclista completo.”
Desde então, Magnier não parou de vencer. A sequência de triunfos impressiona e parte do sucesso deve-se também à química com o seu lançador, Dries Van Gestel, que o tem guiado com precisão milimétrica nos sprints.
Paul Magnier venceu as três primeiras etapas da Volta a Guangxi 2025.
De olho em Pogacar?
Com 17 vitórias na temporada, Magnier é o segundo ciclista mais vitorioso do ano, apenas atrás de Tadej Pogacar (20). “Para o alcançar teria de ganhar a classificação geral da Volta a Guangxi, o que é improvável”, admite Molly. “Mas não subestimem as suas qualidades de trepador. Quando era júnior, foi terceiro numa clássica alpina.”
Essa versatilidade pode vir a transformar Magnier num ciclista de perfil mais completo do que se imaginava. Um sprinter com capacidade para resistir em terrenos ondulados e até em etapas seletivas.
Com Tim Merlier a somar 16 vitórias este ano, é inevitável pensar numa possível rivalidade dentro da Soudal - Quick-Step, mas Molly afasta o cenário. “De modo algum”, garante. “Eles dão-se muito bem. O Tim continua a ser o número um e tem mais experiência contra os melhores, como o Olav Kooij. O Paul ainda está a aprender, mas o potencial dele é enorme.”
A equipa belga está ciente do valor do seu novo prodígio e já planeia reforçar o comboio de sprints em torno de Magnier. Embora a chegada de Edward Planckaert ainda não esteja confirmada, um novo lançador deverá juntar-se à equipa para 2026.