O que parecia ser um dia de transição acabou por transformar-se numa das etapas mais caóticas da Volta a Espanha 2025. Entre subidas iniciais que puseram os sprinters em dificuldade, uma fuga numerosa que marcou o meio da corrida e um incidente de protesto que provocou quedas no pelotão, a 15ª etapa acabou decidida num sprint reduzido em Monforte de Lemos. Aí,
Mads Pedersen confirmou o estatuto de camisola verde, resistiu a todas as movimentações e impôs-se com autoridade para dar à Lidl-Trek a sua primeira vitória nesta edição.
Tática arriscada da Emirates debaixo de críticas
Logo nos primeiros quilómetros, duas subidas consecutivas fragmentaram o pelotão. Um grupo grande escapou com Pedersen incluído, mas a corrida ganhou um enredo inesperado quando
Jay Vine (UAE Team Emirates - XRG) atacou dentro do grupo da fuga com Louis Vervaeke (Soudal - Quick-Step). O antigo vencedor da Vuelta,
Chris Horner, não poupou críticas: “Jay Vine, tens de ser um idiota. Este poderia facilmente ser um dia de descanso para ele. Num dia de vento de frente, gastou energia sem necessidade, quando a sua equipa já tinha força suficiente no grupo maior.”
A postura agressiva da Emirates tem levantado dúvidas, sobretudo porque a equipa está dividida entre a luta de João Almeida pela camisola vermelha e o apetite voraz por vitórias de etapas.
Protesto volta a perturbar a corrida
A meio da etapa, um manifestante correu da berma para a estrada e tropeçou em frente ao grupo perseguidor, originando uma queda que envolveu vários ciclistas, entre eles Javier Romo, que saiu visivelmente combalido. Horner não escondeu a frustração: “O espectador plantou-se no meio da estrada e provocou isto. Que bom para ti. Espero que lhe partam alguns dentes.”
O incidente voltou a expor a tensão que tem marcado esta Vuelta, já abalada por sucessivos protestos políticos.
Pedersen joga à espera e finaliza com autoridade
Com a corrida estabilizada, a Lidl-Trek e a Movistar assumiram a perseguição, com a Bahrain - Victorious também a contribuir para controlar a distância. Pedersen, sempre atento, geriu o esforço com inteligência. “Em todos os momentos em que puxava na frente, lembrava-se de que tinha de guardar pernas para o sprint”, analisou Horner.
Nos quilómetros finais, Egan Bernal, Santiago Buitrago e novamente Vine tentaram escapar, mas Pedersen nunca perdeu a roda certa. No último quilómetro, o dinamarquês respondeu à aceleração de Vine e lançou um sprint irresistível na reta final, sem dar hipóteses a ninguém.
Camisola verde reforçada
Depois de quatro vitórias e da camisola por pontos no Giro, Pedersen soma agora o triunfo que lhe faltava na Vuelta. O dinamarquês não só conquista a etapa, como reforça o domínio na luta pela camisola verde, completando a coleção de vitórias nas três Grandes Voltas.
Com a última semana a aproximar-se, Jonas Vingegaard e João Almeida continuam separados por apenas 48 segundos na luta pela camisola vermelha, mas o grande vencedor do dia foi mesmo Pedersen, que fez da etapa 15 um exemplo de frieza, paciência e potência.