Egan Bernal revive a dor, a recuperação e o fascínio por Pogacar “Fico furioso, mas admiro-o”

Egan Bernal confessou sentir um misto de admiração e frustração sempre que enfrenta Tadej Pogacar, o homem que redefiniu a sua geração. Numa entrevista ao programa colombiano Despierta Win, o vencedor da Volta a França de 2019 elogiou o domínio do esloveno, mas admitiu que competir contra ele pode ser desmoralizador.

“Ele está noutro nível. Quando competimos contra ele, muitas vezes faz parecer que somos maus”, reconheceu Bernal. “Fico furioso. Estamos a dar o nosso melhor e ele simplesmente vai-se embora como se nada fosse. Mas é fixe competir contra ele, incentiva-nos a querer melhorar. É incrível poder viver na era Pogacar.”

As palavras de Bernal ganham um peso especial se recordarmos o acidente de treino quase fatal em 2022, que deixou o colombiano com múltiplas fraturas e um pulmão perfurado. Atualmente com 28 anos, o ciclista da INEOS Grenadiers completou a sua melhor época desde o acidente, com dois títulos nacionais na Colômbia, sétimo lugar na Volta a Itália e uma vitória de etapa na Volta a Espanha.

“Este ano senti que comecei a ser eu próprio novamente, senti-me mais forte”, explicou. “Fui ao Giro e terminei em sétimo. Na Vuelta queria lutar pelo pódio mas isso não aconteceu. Eu continuo a acreditar que um dia posso voltar a ganhar.”

Bernal revelou ainda que as suas dificuldades físicas já vinham de antes do acidente, quando enfrentava dores crónicas nas costas provocadas por uma hérnia discal.

“É difícil dizer, mas eu já estava a lidar com as dores nas costas”, contou. “Tinha uma hérnia discal e não sabia se precisaria de ser operado. Descobrimos que era grave, estava a pressionar um nervo e causava muita dor. Mesmo assim, em 2021 fui ao Giro com essa dor… e ganhei-o.”

O colombiano recorda esse triunfo como um ponto de viragem, alcançado num momento em que o seu corpo já dava sinais de estar no limite.

Embora Bernal e Pogacar tenham partilhado o pelotão na Volta a França, nunca disputaram diretamente entre si uma classificação geral. Na estreia do esloveno em 2020, Bernal abandonou devido às dores nas costas, quando defendia o título conquistado no ano anterior. Quando Pogacar iniciou a sua era de domínio, o colombiano lutava para recuperar a forma após as lesões sofridas.

Para quem já esteve no lugar que Pogacar ocupa agora, as palavras de Bernal soam como o reconhecimento entre campeões, um que renasce e outro que parece imparável.

“É fixe competir com ele”, repetiu Bernal. “Ele é uma referência e mostra o nível que todos queremos alcançar.”