" Ele pensa fora da caixa e isso contagia o grupo" O estilo ofensivo de Ben Healy inspira os jovens da EF na Vuelta

Ciclismo
terça-feira, 02 setembro 2025 a 5:00
Healy
Ben Healy saiu da Volta a França 2025 com apenas uma vitória de etapa, mas com algo talvez ainda mais valioso: o estatuto de favorito do público e um 9º lugar na geral que ninguém esperava. O seu estilo combativo, sempre presente nas fugas, deixou uma marca não só na corrida, mas também na própria identidade da EF Education-EasyPost. Hoje, qualquer fuga parece incompleta sem uma camisola cor-de-rosa a animar o espetáculo.
Segundo o diretor desportivo Tom Southam, esse espírito deve-se em grande parte ao exemplo do irlandês. “É uma equipa muito jovem, muito do que fazemos é para ganhar experiência. Ganhar uma etapa já seria fantástico, mas com um grupo tão inexperiente, ver a forma como o Ben corre inspira todos.”

Um motor de motivação

Southam sublinha que Healy funciona como uma referência para os colegas. “Ele conhece bem a maioria dos mais novos, correram juntos. A forma como ele ataca cedo, sem medo de arriscar, faz parte desta nova mentalidade. Ele pensa fora da caixa e isso contagia o grupo.”
O “efeito Healy” vai, no entanto, além da equipa. “Não é só a EF que olha para ele. Todo o pelotão vê a sua forma de correr e reflete sobre isso. Para nós, tornou-se uma plataforma enorme: os jovens olham para o Ben e pensam que também podem aspirar a isso.”
Um dos nomes que mais tem beneficiado desta inspiração é Sean Quinn. Após meses parado por problemas no joelho, o norte-americano regressou à competição com apenas sete dias de corrida antes da Vuelta, mas já soma três fugas e um top-5.
“É um enorme passo em frente para ele, depois de um ano tão duro. Na última Vuelta nem conseguia entrar numa fuga, e desta vez conseguiu várias vezes”, disse Southam.
Outro caso de progressão notória é Markel Beloki, filho do histórico Joseba Beloki, que com apenas 20 anos já se mostrou capaz de terminar entre os favoritos em subidas duras como a de Valdezcaray.
Markel Beloki tem sido uma boa revelação desta Vuelta até ao momento
Markel Beloki tem sido uma boa revelação desta Vuelta até ao momento

Vuelta vs Tour: duas realidades diferentes

Southam faz também questão de frisar a diferença entre tentar entrar em fugas no Tour e na Vuelta. “Aqui os grupos desaparecem rapidamente. A luta mais longa foi na 7ª etapa, durou uns 40 minutos, muito por causa da presença do Juan Ayuso. Mas no Tour é outra história, às vezes demora metade da etapa para a fuga sair.”
No Tour, explica, a pressão é tal que qualquer fuga fica condenada logo à partida, com as equipas da classificação geral a controlarem cada quilómetro. “No Tour, nenhuma equipa da geral pode-se dar ao luxo de perder uma fuga. Na Vuelta é diferente, vimos grupos ganharem sete minutos ou mais. Isso muda completamente a corrida.”

Healy, um símbolo

A ausência de Tadej Pogacar da Vuelta alterou o equilíbrio de forças, mas a influência de Healy continua a ser evidente. As suas corridas ofensivas não só o consolidaram como um símbolo da EF Education-EasyPost, como abriram caminho para que jovens como Quinn e Beloki ganhem confiança e protagonismo.
Mais do que uma vitória ou um lugar no top-10, o legado de Healy neste verão é a criação de uma mentalidade ofensiva dentro de uma equipa jovem que agora acredita poder estar sempre no centro do espetáculo.
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